Polícia Federal prende investidores golpistas em Curitiba

Um gerente de banco e mais quatro pessoas, todas pertencentes à Congregação Cristã Brasil, foram presos pela Polícia Federal (PF), em Curitiba, durante a ?Operação Loki?, deflagrada na manhã de ontem.

 O nome da operação é em alusão ao deus das trapaças, na mitologia nórdica. Os detidos são acusados de operar uma instituição financeira clandestina, que obtinha recursos de investidores, a maioria pertencente à congregação, e os administrava de forma fraudulenta. A polícia investiga se clientes tinham participação no golpe.

Estima-se que o grupo tenha captado cerca de R$ 18 milhões, boa parte convertida em imóveis e veículos de luxo. O esquema era comandado por um gerente do Banco HSBC, que trabalhava na agência do Palácio Avenida. No entanto, a polícia garantiu que o banco denunciou a fraude e nada tem a ver com o esquema.

O delegado Igor Romário de Paula, chefe do Grupo de Repressão a Crimes Financeiros, da PF, e coordenador da operação, explicou que o gerente do banco criou uma instituição financeira dentro da agência do HSBC.

?Paralelamente ao trabalho que ele fazia no banco, como gerente de crédito imobiliário, ele montou o negócio, que captava recursos e prometia lucro de 7% ao mês. Também convocava os investidores a trazerem mais clientes, numa espécie de pirâmide?, relatou. ?Os maiores investidores sabiam que era uma instituição clandestina?, ressaltou Igor.

Quadrilha

Além do gerente, quatro pessoas, parentes e bancários, ficavam responsáveis por conseguir investidores.

De acordo com o delegado, alguns clientes não sabiam do esquema e acreditavam que se tratava de um plano ligado ao banco. A essas pessoas, a quadrilha emitia extratos de rendimentos falsificados com a logomarca do HSBC.

?Apesar do seu cargo no banco, a maioria das captações eram feitas fora da instituição?, disse o delegado. A suspeita surgiu ao observar grandes movimentações financeiras nas contas do funcionário.

Na manhã de ontem, foram cumpridos cinco mandados de prisão e nove de busca de apreensão. Foram apreendidos farta documentação, equipamentos de informática, cerca de R$ 110 mil em dinheiro, títulos de crédito, mais de R$ 2 milhões em carros e motos, uma lancha e outros bens. Também foram bloqueadas contas dos investigados e providenciado o seqüestro e arresto de bens provenientes da ação criminosa, para garantir a reparação das vítimas.

Os presos irão responder por crime contra o Sistema Financeiro Nacional e contra a ordem tributária, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e documental e formação de quadrilha. Os nomes dos presos não foram divulgados, por solicitação da Justiça à PF.

Confiança era ?garantia?

O montante aplicado pelos clientes era convertido em bens, como imóveis e carros de luxo. A polícia identificou entre 80 e 100 pessoas como clientes do fundo clandestino, que teve início há um ano e meio. Mas sabe-se que o número é maior. A maioria das vítimas é integrante da Congregação Cristã Brasil, da qual fazem parte os cinco presos.

?Eles aproveitavam a confiança que essas pessoas tinham neles para convencê-las a aplicar o dinheiro?, afirmou o delegado. Os investimentos, de acordo com a polícia, variavam de aportes mensais de R$ 100 até R$ 200 mil.

Como o esquema era bastante atrativo, com altíssimo rendimento, a entrada de dinheiro era maior do que a saída, o que permitiu ao grupo honrar as promessas feitas aos investidores. Porém, o delegado lembrou que o grupo já não tinha recursos para continuar a garantir as aplicações. ?Um dos detidos resgataria R$ 900 mil nesta quarta-feira para pagar uma fazenda, que acabou de comprar no interior do Estado?, disse.

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