Minutos de terror

Oração da vítima faz estuprador se arrepender do abuso

As orações de uma menina de dez anos vítima de estupro, implorando a proteção divina, fizeram um estuprador cessar os minutos intermináveis de terror que causou a ela, e decidir fugir. Mesmo gravemente ferida a garotinha conseguiu pedir socorro, e a polícia identificou e prendeu o monstro. Outra criança de 8 anos testemunhou o crime e também foi encaminhada para exames.

A tragédia aconteceu a cinco quadras da delegacia de Campina Grande do Sul, na tarde de segunda-feira (21). De acordo com o delegado Vilciomar Voltaire Garcia, Reginaldo Santos Henemann, 30 anos, passava todos os dias em frente às residências das duas crianças para chegar até a casa dele, que fica ao lado de um matagal.

Na segunda-feira, o menino de 8 anos e a menina de 10 estavam sentados em um barranco próximo à casa de Reginaldo quando ele chegou propondo uma pescaria. “Ele convenceu as crianças a ir com ele, dizendo que eles iriam pescar. Para que os dois entrassem na área de mato mais fechado ele disse que viu um tatu, e sugeriu às crianças que também vissem o animal”, explica o delegado.

De acordo com os depoimentos, Reginaldo então tirou a blusa alegando que estava com calor, e então deixou de lado o sorriso no rosto e o ar carinhoso, de quem sugeria brincar com as crianças, e ficou agressivo. Ele rasgou a camiseta e utilizou os retalhos para amarrar os pés e as mãos do menino.

O garotinho foi posicionado de costas, enquanto Reginaldo abusou sexualmente da menina de várias maneiras. A certo ponto, sangrando muito e desesperada, a garota começou a pedir que Deus a protegesse, e fizesse aquilo tudo acabar. “Tocou no meu coração que eu tava fazendo coisa errada”, conta Reginaldo. Ele então parou, levou as duas crianças novamente até a rua e não voltou mais para casa. No caminho, segundo o delegado, ele disse para as crianças que enforcaria os dois e seus pais, caso eles procurassem a polícia.

Prisão

Com medo, a família só procurou a delegacia na tarde de terça-feira (22). A menininha foi imediatamente encaminhada ao Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, onde levou 40 pontos, segundo o delegado, e permanece internada em observação. O menino, mesmo alegando não ter sofrido abuso, também foi examinado e passa bem.

“As crianças lembravam do nome dele. Fomos com o pai e o avô de uma das crianças fazer buscas na região, e através de algumas características conseguimos descobrir quem ele é e onde ele mora. Ele foi reconhecido pelas vítimas através de fotos, e pedimos a prisão preventiva”, conta o delegado.

Apenas na noite de quinta-feira (24) Reginaldo foi localizado escondido em uma chácara. Ele tentou fugir da polícia e foi preso, com apoio da Guarda Municipal da cidade, no quilômetro 64 da BR-116. Na delegacia ele confessou o crime, com detalhes. A versão dele é a mesma dada pelas duas crianças. Ele já esteve preso duas vezes por furto, e foi solto pela última vez em setembro de 2012.

Reginaldo alegou que cometeu o crime sem pensar, porque estava alcoolizado. Ele é separado, tem um filho de quatro anos e uma filha de seis, e contou que toma medicamentos controlados e faz tratamento psicológico em uma unidade de saúde. “Acho que se fosse com a minha filha, sentiria o mesmo que os pais dessa menina estão sentindo. Eles estão certos. Eu peço perdão e juro que nunca mais vou chegar perto de ninguém”, lamenta Reginaldo.

O delegado recebeu denúncias de que Reginaldo já apanhou de vizinhos porque teria tentado abusar de outra menina, de apenas cinco anos. Ele nega. “Eu só levei a menina em uma mercearia para comprar doce pra ela, porque ela sempre brincava com a minha filha”, conta. Garcia pede que, caso alguém reconheça Reginaldo como autor de outro possível abuso, deve procurar a delegacia por meio do telefone (41) 3676-1135.

Reginaldo conta que agora, assim como sua vítima, terá que rezar para enfrentar a “lei da cad,eia”, já que estupradores não são aceitos pelos outros presos. “Não estou preparado para o que sei que vai acontecer comigo”, afirma. Ele será transferido, assim que conseguir uma vaga, para o sistema penitenciário.