A mulher de um dos acusados de integrar a quadrilha que exterminou mais de 20 pessoas, em Almirante Tamandaré, foi vítima de um atentado. Denise Souza Cruz Vidal levou três tiros no rosto, às 13h20 do dia 15, quinta-feira, dentro de sua casa, no bairro Vila Velha, próximo ao centro de Rio Branco do Sul. Mesmo ferida gravemente, ela resistiu e até ontem permanecia internada em Curitiba.
Denise é mulher de Antônio Martins Vidal, 51 anos, o “Tico Pompílio”, recolhido na Prisão Provisória de Curitiba (PPC) no Ahu. “Tico” está entre as 17 pessoas presas por força de denúncia formulada pelo Ministério Público, com base em inquérito policial montado pela delegada Vanessa Alice, em 2002. Ex-motorista da Prefeitura de Almirante Tamandaré, ele seria membro da quadrilha composta também por policiais civis e militares, que é acusada de tráfico de drogas, roubos, falsificação de dinheiro e de uma série de assassinatos na região, principalmente, de mulheres. Sete dos homicídios são atribuídos a “Tico”.
Três filhos pequenos e uma mulher viram Denise ser baleada. Um homem moreno, baixo, de aproximadamente 25 anos, usando luvas de couro, entrou na casa da mulher de “Tico” pela porta dos fundos. Ele chamou Denise pelo nome, que atendeu o assassino demonstrando já conhecê-lo. “Hoje é teu fim”, disse o homem, antes de dar uma coronhada na vítima e atirar quando ela já estava caída. O autor desapareceu e a mulher foi socorrida pelo Siate.
Depoimentos
A Polícia Federal acompanhou o depoimento de testemunhas do crime e parentes da vítima. Agentes também estiveram no hospital em que Denise foi internada. A reportagem da Tribuna entrou em contato com a comunicação social da PF, mas não obteve confirmação se a mulher era testemunha em algum processo envolvendo o marido. “Tico” chegou a ser preso pelo assassinato do diretor do Banestado, Miguel Siqueira Donha, ocorrido em 21 de janeiro de 2000, mas foi indiciado apenas por receptação. O crime foi assumido por Edson Faria, preso três semanas depois.
“Tico” teria discutido com Denise há poucos dias, por causa das duas lanchonetes em Rio Branco do Sul mantidas pelo casal. A hipótese de queima de arquivo não está descartada.