Máfia italiana estaria ligada a bingos e videoloterias

O secretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, pediu ontem a instalação de uma CPI estadual para investigar os bingos e, em especial, a Larami Diversões e Entretenimento, empresa que ganhou a licitação e assinou contrato junto ao Serviço de Loterias do Paraná (Serlopar) em 2001, para exploração de máquinas de videoloteria e bingo.

O bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o “Carlinhos Cachoeira”, que participou da negociação que resultou na exoneração do ex-assessor da Casa Civil do governo Federal, Waldomiro Diniz, seria um dos sócios da Larami. Delazari informou que deputados estaduais já foram informados sobre as irregularidades na Larami, que seria uma empresa fantasma criada para participar apenas desta licitação. “O empresário Alejandro Diniz, ligado à máfia italiana, era um dos maiores fornecedores da Larami”, disse.

Segundo o secretário, a empresa foi criada em 2001 com capital de R$5 mil. Quatro meses depois, justamente para participar da licitação, ela teria um capital de R$600 mil. “A sede da empresa é numa pequena casa na Santa Quitéria. Na verdade ela nunca existiu, foi criada apenas para ganhar a licitação, orquestrada pelo ex-secretário chefe da Casa Civil, José Cid Campêlo Filho”, relatou Delazari, afirmando que documentos a respeito do caso Larami e outros papéis que provam a ligação dos bingos com o crime organizado serão entregues ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “A comissão contra o jogo do bingo, formada por representantes de vários Estados, está formulando um dossiê para levar a Brasília”, revelou. Delazari destacou que a intenção é impedir que o governo Federal edite Medida Provisória (MP) regulamentando os bingos. “Temos que correr, já tenho informações que estava quase tudo certo para publicação da MP”.

O secretário, que é promotor do Ministério Público (MP) Estadual licenciado, criticou a atuação do MP no caso da Larami, que se estende há quatro anos.

Providencial

Delazari declarou total apoio a instalação da CPI dos Bingos no Senado. Ele afirmou que o caso Waldomiro Diniz foi providencial, justamente no momento em que o governo pretendia regulamentar o jogo. Delazari teme que mesmo com a CPI, o governo ainda regulamente o jogo. “Não há como controlar o jogo e impedir que aconteça a utilização dele pelo crime organizado para lavar dinheiro. É maior lavanderia deles”, destacou.

Delazari disse que o bingo só funciona no Brasil hoje devido à conivência das autoridades e a confusões jurídicas. “Regulamentar o jogo é atribuição da União, mas, em alguns lugares, como o próprio Paraná, pessoas já tentaram desrespeitar a lei”, falou.

O secretário afirmou que o Bingo Village Batel, que funciona em Curitiba com liminar do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, está irregular por ter conseguido a decisão judicial com razão social de restaurante. “Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STJ) já se pronunciou várias vezes proibindo o jogo no Paraná. Os tribunais federais deveriam padronizar suas decisões baseadas no que já definiu o Supremo e parar de dar essas liminares”, reclamou.

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