Juiz anulou processo de extorsão contra Centronic

Preso por 28 dias no Centro de Triagem e Observação Criminológica (COT), no Ahu, o jornalista e ex-deputado Ricardo Chab voltou para casa, no final da tarde de ontem. De barba feita e demonstrando alívio e muita alegria em ser recebido pela esposa Alana e mais alguns familiares, o jornalista revelou, com exclusividade ao Paraná-Online, que desta vez foi muito bem tratado na cadeia.

Chab tem outro motivo a comemorar. O juiz Antônio Carlos Choma, da 8.ª Vara Criminal, anulou o processo de extorsão, desde a sua denúncia, e concedeu alvará de soltura. A partir de agora, nova ação criminal inicia, com Chab respondendo por crime previsto na Lei de Imprensa. Com isso, ele responde em liberdade até a última instância. O juiz fez cumprir a legislação específica, que determina que o jornalista profissional não pode ser preso, até que não haja mais nenhum recurso que impeça sua prisão.

Armas

Chab ainda poderia permanecer detido, pelo processo de posse ilegal de arma de fogo. Seus advogados correram contra o tempo e conseguiram, às 15h, que o desembargador Lídio José Rotoli de Macedo, da 2.ª Câmara Criminal, concedesse o habeas corpus referente a esse processo. Macedo deve fundamentar, na segunda-feira, os motivos que lhe levaram a conceder a liberdade.

Pontualmente às 17h45, um oficial de Justiça entrou no prédio do COT, com o alvará de soltura. Quarenta e cinco minutos depois, Chab foi recebido pela família na porta do presídio. Após sua primeira prisão, em abril, Chab reclamou muito das condições em que foi mantido no Centro de Triagem (CT) II, em Piraquara. Desta vez, salientou exatamente o contrário. ?É uma cela simples, como em qualquer cadeia. Mas fui muito bem tratado?, disse o jornalista, que ficou sozinho, numa cela exclusiva.

Primeira prisão foi em abril

Chab foi preso pela primeira vez em 25 de abril, junto com seu advogado, Antônio Neiva de Macedo Filho, acusados de extorquir a empresa de segurança Centronic. O jornalista foi pego nas dependências de sua rádio, em São José dos Pinhais, com R$ 35 mil, entregues pelo dono da Centronic, Nilso Rodrigues de Godoes.

Segundo a polícia, Chab teria cobrado esse dinheiro para não divulgar notícias negativas da empresa em seus programas de rádio e televisão. A Centronic ficou em evidência na mídia após alguns de seus vigilantes envolverem-se na morte do estudante Bruno Strobel Coelho Santos, em outubro.

Após uma semana recolhidos no CT II, Chab e Macedo conseguiram liberdade provisória. No entanto, o jornalista foi preso novamente em 29 de maio, quando a polícia encontrou duas armas em sua casa. Também, a pré-candidata a vereadora de Pinhais, Licélia Rodrigues da Cruz, disse à polícia que Chab teria lhe oferecido R$ 200 mil para denegrir a imagem do delegado Marcus Vinícius Michelotto, da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas, que havia prendido o jornalista no caso da extorsão.

Lei de Imprensa

Ricardo Chab responde agora pelo artigo 18 da Lei 5.250, de 9 de fevereiro de 1967, ou mais conhecida como Lei de Imprensa. O artigo específico diz que é crime ?obter ou procurar obter, para si ou para outrem, favor, dinheiro ou outra vantagem para não fazer ou impedir que se faça publicação, transmissão ou distribuição de notícias?, sob pena de um a quatro anos de reclusão e multa de dois a 30 salários mínimos.