Um jovem, de 23 anos foi levado pela enxurrada, na tarde de ontem, no Rio Atuba, no Bairro Alto. Além do desaparecimento, a Defesa Civil atendeu 680 residências em virtude de alagamentos, destelhamento e quedas de árvore, em Curitiba.
Ao todo, 200 casas ficaram alagadas entre o Bairro Alto e Atuba, além de outras 380 no Cajuru. Segundo o órgão, foram registradas 50 quedas de árvore na capital. Segundo a Companhia Paranaense de Energia (Copel), houve interrupções no fornecimento a 155 mil domicílios de 37 bairros da capital.
De acordo com o tenente Leonardo Mendes dos Santos, dos bombeiros, o rapaz desaparecido foi visto caminhando por cima da tubulação da Sanepar. “Nós o vimos cair no rio por volta das 15h. Pulamos na água para tentar salvá-lo, mas não conseguimos”, explicou.
Embora continue a chover nos próximos dias, a previsão é de chuvas mais fracas e constantes. A partir de agora o alerta é com relação ao risco de deslizamento de encostas, afirma o meteorologista Samuel Braun, do Simepar.
Desabrigados
Em Pinhais, moradores do Jardim Cláudia os moradores ficaram embaixo d’água. Joarez de Souza conta que os vizinhos fizeram até um documento pedindo a dragagem do Rio Palmital, próximo à comunidade, mas de nada adiantou.
“Estamos cansados de tanto desrespeito. Perdi quase tudo. A chuva parou faz tempo, mas essa água suja continua correndo na frente da minha casa. Se houvesse dragagem não teríamos perdido tudo”, disse.
Moradores do Tranqueira, em Almirante Tamandaré, contam que a água chegou até o pescoço. “Os botes passaram por cima dos muros, nunca vi nada igual em 28 anos”, descreveu a moradora Mara Vaz.
O barracão de dois andares de uma serralheria desabou sobre uma casa. Ninguém ficou ferido. Quem vive e trabalha às margens da Estrada da Ribeira, por onde passam o Rio Palmital e o Atuba, em Colombo ficou com água pelo joelho.
Idosos são obrigados a abandonar asilo
Janaina Monteiro
| Átila Alberti |
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| Internos do Recanto Sossego do Vovô ficaram ilhados. |
Uma das cenas mais dramáticas foi o resgate de dez idosos, ilhados com a enchente no Rio Atuba, que alagou a Rua Pedro Gonshi, no Jardim Marambaia, em Colombo, divisa com Curitiba, onde vivem mais de 500 famílias.
Os internos do Recanto Sossego do Vovô foram resgatados num bote dos bombeiros e levados até uma garagem, no cruzamento com a Avenida São Gabriel.
A dona do asilo, Cristina Oliveira da Veiga, 39, se transformou numa guerreira. Enxugando as lágrimas que se mesclavam com as gotas da chuva, ela orientava os policiais que carregavam os velhinhos no colo e os colocavam em segurança nas viaturas.
“Eles vão para a casa da minha sogra. Não tem mais onde deixar”, contou Cristina. “Vim em fevereiro, porque me disseram que aqui não tinha mais enchente.” Moradores conseguiram um barco para auxiliar no transporte dos idosos.
Rapidez
Na Rua José Nadolny, equipes dos bombeiros e da Defesa Civil de Colombo chegaram por volta de 9h com o bote para o resgate. No entanto, a correnteza forte impedia o socorro dos moradores ilhados.
“Vinte minutos de chuva são suficientes para alagar tudo”, afirmou Selma de Almeida, 34, da Associação de Moradores do Jardim Marambaia. Desde 2007, segundo ela, o bairro sofreu cinco enchentes.
A última grande cheia foi em fevereiro. Quando a água invade as casas, não há o que fazer. “A gente vive de doação.” Quem puder ajudar deve telefonar para Cristina, no número 3606-7000, ou p,ara Selma, no 8494-3484.
Revolta em Colombo
Leonardo Coleto e Janaina Monteiro
| Ciciro Back |
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| Contorno Norte foi fechado. |
Revoltados com a consequência das chuvas, moradores do Jardim César Augusto e do João Paulo II, em Colombo, bloquearam o trecho do Contorno Norte que corta os dois lugares.
“A cada chuva mais forte perdemos tudo que conseguimos conquistar com o nosso trabalho. Faz tempo que esperamos a construção dos novos conjuntos residenciais, mas até agora não vimos nada sair do chão”, afirma o morador e organizador do protesto, Michel dos Santos.
A prefeitura de Colombo afirmou que as obras não começaram por conta de decisão judicial. Além disso, a construção depende da negociação de recursos do PAC residencial, que está em andamento.
Prefeituras
Sobre os desabrigados, a prefeitura de Colombo afirmou que prestará atendimento a oferecerá abrigos para os atingidos. Segundo a prefeitura, 150 servidores atuam na recuperação de bueiros, desentupimento de manilhas e alternativas para o escoamento das águas e 100 membros da Defesa Civil atuaram no resgate das pessoas em área de risco dos rios Atuba e Palmital.
A prefeitura de Pinhais afirmou que está trabalhando na licitação para dragagem do Rio Palmital e Iraí. Em Curitiba, o prefeito Luciano Ducci determinou a transferência emergencial de 51 famílias da Vila Higienópolis, no Bairro Alto, para o empreendimento Moradias Faxinal.