Fuga de presos em São José dos Pinhais

A superlotação na delegacia de São José dos Pinhais pode ter contribuído para a fuga da madrugada de ontem. Dos 168 presos que ocupavam a carceragem – destinada a 36 pessoas – 58 escaparam por um túnel, cavado da cela até o terreno vizinho, onde há um imóvel desocupado da prefeitura. Até a tarde, 21 fugitivos haviam sido recapturados.

De acordo com a polícia, o túnel tinha aproximadamente oito metros de comprimento e cerca de 45 centímetros de diâmetro. Acredita-se que tenha sido cavado durante o fim de semana.

Eles quebraram o chão de concreto e todo o barro retirado do buraco foi colocado embaixo das camas e dos colchões. Além de muito barro ao redor da delegacia, os presos deixaram um rastro de roupas, cobertores, toalhas, cartas, e até algumas bíblias.

Segundo o delegado Gil Tesseroli, eram por volta das 4h20, quando o sistema de segurança flagrou a ação dos presos. Imediatamente os carcereiros pediram ajuda da Polícia Militar e da Guarda Municipal. Porém, quando o reforço chegou, só foi possível recapturar 17 presos.

Quarteto

No início da tarde, a Polícia Civil de Araucária recebeu denúncias anônimas que quatro presos estariam escondidos na casa de um amigo, no bairro Iguatemi. Com apoio da Guarda Municipal, eles foram localizados.

“Alguns pularam o muro das casas, outros correram pelos telhados, mas cercamos toda a quadra e conseguimos prendê-los”, afirmou o investigador Mauro Damasceno.

Foram recapturados Dinilson Batista dos Anjos, que havia sido preso por assalto, Marcos Antônio Justo Maciel, por uso de documento de outra pessoa, Natal Volnei Girardi, por tráfico, e Pedro José dos Santos, por receptação.

Antigo

O problema da superlotação na delegacia de São José dos Pinhais é antigo. Desde janeiro, nunca houve menos de 150 presos. Em abril, o delegado Gil Tesseroli registrou em uma sessão ordinária da Câmara Municipal que a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) sabe da situação.

“É um problema nacional e envolve questões burocráticas e sociais. A solução imediata seria a construção de mais presídios. No entanto, é fundamental que, a longo prazo, invistam em educação, saúde e qualidade de vida”, sugeriu.