A dor pela perda do filho para o mundo das drogas fez com que os pais de Thiago Luiz Venâncio, 19 anos, assassinado em outubro do ano passado, esclarecessem os motivos que o levaram à morte. Na época, Thiago foi apontado pela polícia como traficante, mas sua mãe, Doraci Santos Venâncio, garante que o jovem era apenas viciado e não traficava. O rapaz foi morto com quatro tiros, na Rua Azaléa, em Pinhais.
O drama de Doraci é vivido por várias mulheres que vêem seus filhos irem para as drogas. “Ele era um pobre viciado como tantos outros que se transformam em instrumentos nas mãos dos verdadeiros traficantes”, escreveu Doraci em carta à Tribuna. Ela conta que Thiago vendia as roupas que vestia para sustentar o vício. Em contrapartida, era um garoto carinhoso e preocupado com a família, que nunca envolveu parentes em seus problemas. Segundo a mãe, o rapaz vivia com uma mulher e cuidava dos filhos dela como se fossem seus.
Roda-viva
Conforme descrito por Doraci, seu filho tentou várias vezes largar as drogas, trancando-se em casa e sem atender ao telefone. “Ficava como um bicho arisco e saía, então, para o nosso desespero. Começava tudo de novo e cada vez pior”, diz a mulher. “Só nos restava pedir a Deus que o protegesse e que Thiago chegasse vivo em casa e, quando chegava, agradecíamos, mesmo que ele estivesse drogado”, completa. “Viciado ele era, não negamos, mas ser tachado de traficante é inaceitável, pois ele foi mais uma vítima das drogas”, escreveu.
Segue a transcrição do fim da carta de Doraci, também assinada pelo pai do rapaz, Luiz Antônio Venâncio: “Por essas e muitas outras razões que, como pais, nos sentimos na obrigação de fazer um alerta à toda sociedade, de que as drogas são um dos mais terríveis agravantes da violência e que a morte do nosso filho foi conseqüência delas, por extensão fazemos um apelo àqueles que consomem drogas, que percebam quais são as conseqüências do vício que possuem e que procurem ajuda, já que assumir que é viciado é um enorme passo para a cura”.