Desbaratada quadrilha de receptadores de veículos

Um forte esquema de receptação e adulteração de documentos e veículos, que seria liderado pelo advogado Túlio Marcelo Bandeira Dening, foi desbaratado pela polícia, na região oeste do Paraná. Após quatro meses e meio de investigações, cerca de 130 policiais civis e militares prenderam, ontem, 30 pessoas e cumpriram 47 mandados de busca e apreensão, durante uma operação desenvolvida nas cidades paranaenses de Santo Antônio do Sudoeste, Pato Branco, Francisco Beltrão, Cascavel e Curitiba. Também foram cumpridos mandados em Jaraguá do Sul (SC), Ribeirão Preto e Assis (SP) e Brasília (DF).  

Entre os presos estão o advogado e vários parentes do advogado, além do vereador Geverson Tonello, 33 anos, que também é presidente da Câmara de Realeza (PR) e acusado de ser o mandante do roubo contra um caminhão que transportava valores. De acordo com a polícia, os cheques roubados do malote foram depositados na conta do vereador.

O delegado Luiz Gilmar da Silva, titular da DP de Pato Branco, acredita que o grupo causou um prejuízo de pelo menos R$ 500 mil. ?Calculamos que eles comercializavam cerca de 40 veículos adulterados por mês. Só durante a operação, apreendemos 20?, comentou Luiz Gilmar.

Investigações

Ele contou que as investigações começaram após diversos veículos adulterados serem descobertos em várias cidades do Paraná e de estados vizinhos. No decorrer das investigações, a polícia apurou que o esquema era comandado pelo advogado Dening, que liderava a quadrilha e tinha o contato com todos os membros do grupo. ?Descobrimos que eles agiam sob encomenda de receptadores. Só praticavam o roubo após o cliente fornecer as características do veículo?, contou o delegado.

Depois, o veículo era levado para um desmanche, onde seus sinais identificadores eram adulterados, criando um novo veículo, inclusive com documentação. ?O grupo comprava veículos sinistrados que não foram baixados pelo Detran para esquentar os documentos?, explicou Luiz Gilmar. Na seqüência, os veículos eram vendidos com financiamentos fraudulentos em nome de ?laranjas?. Para completar o golpe, o grupo ainda ingressava com ações judiciais contra financeiras, alegando juros abusivos. Outra estratégia era solicitar liminares à Justiça para suspender os pagamentos e fornecer títulos ?podres? da dívida pública como garantia. Além disso, o grupo se beneficiava usando os carros até a compensação dos títulos, que em média duram três anos. ?Só depois deste período, a fraude era descoberta e as financeiras podiam pleitear a busca e apreensão do bem?, contou o delegado.

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