Ajuda do "chefe"

Delegado afastado pediu ajuda de secretário para ficar no cargo

O delegado Luiz Carlos de Oliveira, afastado de suas funções sob a acusação de comandar uma rede de corrupção na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos de Curitiba, pediu a ajuda de um secretário do Governo do Estado para se manter na Divisão de Crimes Contra o Patrimônio quando era investigado pelos promotores do Ministério Público.

Uma gravação obtida pela reportagem da RPCTV mostra o envolvimento de Oliveira com o secretário especial Ezequias Moreira, responsável pelo Cerimonial e Relações Internacionais do Palácio Iguaçu e braço direito do governador, desde a época em que Beto Richa era deputado.

A gravação foi feita em fevereiro deste ano e teve a autorização da Justiça para ser divulgada. Nela, Oliveira diz: “Eles estão querendo fazer uma mudança aí, entendeu? Isso em termos internos da Polícia Civil. (…) Eu acho que você pode até falar com o chefe porque anteriormente, quando foi tratado ali, foi combinado comigo que nós iríamos ficar ali onde nós estamos”.

Oliveira também pediu para Ezequias sondar o então delegado-chefe da Polícia Civil, Marcus Vinícius Michelotto, sobre eventuais mudanças e lembrá-lo de que o “chefe” não queria mudanças na polícia. “Dá uma observada nisso, ajuda o teu amigo que está necessitado”, finalizou Oliveira. A gravação não revela quem seria o tal “chefe”.

Investigação

O delegado Luiz Carlos de Oliveira, outros três delegados e mais 16 policiais civis de Curitiba foram denunciados à Justiça na semana passada. De acordo com o Gaeco, Oliveira comandou um esquema que cobrava propina de comerciantes de lojas de auto peças.

Secretário especial

O secretário de Cerimonial e Relações Internacionais, Ezequias Moreira, responde na Justiça por nomear a sogra para um emprego na Assembleia Legislativa. No caso que ficou conhecido como ‘Sogra Fantasma’, Ezequias teve que devolver os 11 anos de salário que recebeu no lugar da sogra.

Beto Richa

Em entrevista a repórteres na tarde de quarta-feira (22), o governador Beto Richa disse que quatro mil nomeações já passaram por ele e que não há como lembrar de uma específica.

Ao ser questionado se o secretário especial Ezequias Moreira foi quem indicou o delegado Luiz Carlos de Oliveira para a chefia de divisão e para o conselho da Polícia Civil, o governador preferiu não responder.

O ex-delegado-geral Marcus Vinícius Michelotto disse que nunca foi procurado por Ezequias Moreira. O delegado Luiz Carlos de Oliveira disse não lembrar da conversa gravada pelo Gaeco. O secretário estadual de Segurança Pública, Cid Vasques, também negou ter sido procurado por Ezequias.