Cai outra gangue do celular

Uma nova quadrilha especializada em clonagem de telefones celulares foi presa no município de Pinhais, por investigadores da delegacia local. O responsável pelas adulterações dos aparelhos é Jackson Vieira Lotoski, 21 anos, técnico em telefonia e considerado um especialista na área. Os outros dois presos, Mauro Sérgio Laurindo, 28, e Haroldo Barilli Júnior, 33, eram responsáveis pela venda dos telefones modificados.

De acordo com o delegado Gerson Machado, na tarde de terça-feira os policiais receberam uma denúncia de que telefones celulares estavam sendo clonados dentro de uma casa, na Rua Todos os Santos, Jardim Weissópolis. Por volta das 15h, os investigadores chegaram no endereço indicado, onde flagraram Jackson saindo com um veículo Escort, em companhia de Mauro e Haroldo. Com o trio, a polícia apreendeu 20 celulares modificados, que provavelmente seriam entregues naquele momento aos receptadores. Dentro da residência foram encontrados vários cabos usados para clonagem, um computador, CDs com o programa “vira celular”, além de diversos aparelhos e capas para celulares.

Segundo Jackson, ele vem clonando os telefones há três meses, desde quando comprou o cabo e o programa de computador para a prática do delito, no Paraguai. “Lá, o quite é vendido livremente por R$ 300,00”, contou. Desde então, Jackson garante ter adulterado pelo menos outros 20 celulares, além dos que foram apreendidos. Todos da operadora Vivo que utiliza a tecnologia CDMA (ver box).

Venda

O trio geralmente modificava aparelhos que estavam bloqueados, por serem produtos de furto ou roubo. Jackson os habilitava e clonava o número de série de um telefone já existente. Com isso, os “clientes” da quadrilha podiam fazer um número ilimitado de ligações, cuja conta era enviada ao proprietário original do celular. Caso a vítima percebesse que seu telefone havia sido clonado e o bloqueasse até 20 dias após a modificação, o trio oferecia a garantia e adulterava um novo aparelho para seu “cliente”. Cada telefone era comercializado por R$ 70,00.

Segundo o trio, o número do serial era vendido por Ady Sampaio, proprietário de um revendedora de telefones celulares, que cobrava entre R$ 20,00 e R$ 25,00 por cada código. Ele seria proprietário da loja Carol Celulares, situada na Avenida Visconde de Guarapuava. Porém, os policiais descobriram que ele fechou a revendedora há poucos dias, comprando uma nova loja em Ponta Grossa.

Ady, que está sendo investigado, seria o responsável pela compra dos códigos de um funcionário da empresa Vivo, que fazia uma triagem e se apoderava da numeração de telefones de vítimas em potencial. “Eles clonavam números de empresários que costumam ter uma conta alta e por isso, demorariam mais para perceber que estavam sendo lesados”, contou o delegado que autuou o trio por formação de quadrilha, estelionato e receptação.

A polícia pretende chegar até Ady para descobrir qual funcionário da empresa estaria colaborando com o esquema criminoso.

Funcionários colaboram com a fraude

Outra quadrilha que clonava aparelhos da Vivo foi desmantelada no dia 13 de abril por policiais do 7.º Distrito Policial(Vila Hauer). Luiz Fernandes de Oliveira, 39 anos, foi preso com mais de 40 aparelhos adulterados.

De acordo com o delegado Hamiltom da Paz, ele era especializado em clonar seriais de telefones de empresas. Luiz costumava vender os aparelhos modificados com a tecnologia GSM por R$ 200,00, uma vez que seus “clientes” tinham a opção de clonar o chip novamente, sem perder o aparelho, caso ele fosse bloqueado pelo verdadeiro proprietário. Já telefones habilitados com a tecnologia CDMA eram vendido por R$ 150,00. Os números dos seriais eram repassados por um ex-funcionário da Vivo, cuja a participação no esquema ainda está sendo investigada pela polícia.

Segundo a Operadora Vivo, a empresa está bastante atenta às ações dos funcionários, porém ainda não conseguiu detectar quem está ligado a este esquema criminoso. A empresa também não conseguiu estimar o total do prejuízo, uma vez que a operadora exime seu cliente do pagamento das ligações que ele não fez.

Sistema vulnerável facilita golpe

A operadora Vivo vem sendo a preferida dos falsários pela vulnerabilidade do sistema que utiliza. O motivo seria a facilidade que os estelionatários têm em clonar aparelhos que funcionam com a tecnologia Code Division Multiple Access ou Acesso Múltiplo por Divisão de Código, conhecida popularmente com CDMA.

Os aparelhos habilitados com esta tecnologia possuem um número impresso no verso da bateria do telefone. Além do proprietário, apenas a operadora Vivo deveria ter acesso a este serial, que o torna a “chave” para todo o sistema do aparelho. Através do cabo que liga o celular ao computador é que os vigaristas conseguem copiar o número de um telefone ativo para o celular roubado ou furtado. Porém, caso a vítima perceba que seu telefone foi clonado a Vivo o bloqueia de imediato, e automaticamente o aparelho adulterado pelos falsários também deixa de funcionar.

As tecnologias GSM e TDMA, utilizada por outras operadoras de telefonia móvel também estão vulneráveis aos clones. A TDMA funciona da mesma maneira que a CDMA. Já a GSM é aplicada em aparelhos cujo sistema é gravado em um chip. Com isso, caso o número do chip seja copiado a vítima apenas o troca, permanecendo com o mesmo aparelho. Segundo os falsários as adulterações são feitas em telefones pós-pagos, uma vez que não compensa clonar aparelhos pré-pagos, cujo valor do crédito geralmente é baixo.

Voltar ao topo