Bandidos atormentam comerciantes em Fazenda Rio Grande

Comerciante desabafa: ?Foram os assaltantes que fecharam a porta do meu comércio. Eles decretaram minha falência?. Sidnei Farago, 33 anos, teve prejuízo de R$ 15 mil, na segunda-feira, com o roubo à sua loja de equipamentos de som e alarmes, em Fazenda Rio Grande. O caso dele se assemelha ao de muitos donos de lojas do município, que estão apavorados com a onda de assaltos na região. Para agravar a situação, a Polícia Militar dispõe apenas de duas viaturas, uma quebrada, para garantir a segurança de 75 mil habitantes, em uma área de 115 mil quilômetros quadrados.

Às 19h30 de segunda-feira, Sidnei estava na sua loja, situada a 100 metros da Companhia da PM, quando dois homens armados deram voz de assalto e ordenaram que ele e o filho, de 11 anos, se deitassem. Enquanto um dos bandidos apontava a arma para suas cabeças, o outro ?limpou? as prateleiras, carregando aparelhos de som, alarmes, baterias e diversos equipamentos. Baixaram a porta da loja e foram embora.

Foto: Átila Alberti

Uma das duas viaturas da PM espera conserto.

Impotência

?Tudo o que eu demorei quatro anos para conseguir eles levaram em 15 minutos. Sem mercadoria e devendo para fornecedores, minha saída é fechar meu comércio. Vou esfriar a cabeça, conseguir um lugar com aluguel mais barato e começar do zero. Só não reagi em defesa do meu patrimônio, porque estava com meu filho?, disse Sidnei desolado.

Segundo o comerciante, os policiais militares foram até a loja duas horas depois do roubo, porque atendiam outra ocorrência. ?Eles foram atenciosos, mas demoraram muito. Estamos órfãos de qualquer proteção?, disse Sidnei.

Um policial militar do município, que não quis se identificar, contou que uma viatura está quebrada e que a outra é usada para atender à população e levar os presos até o Fórum do município, onde os policiais chegam a ficar parados por até três horas, fazendo escolta.

Hoje, o comando do 13.º Batalhão de Polícia Militar irá falar sobre as ações que estão sendo tomadas para diminuir a violência na cidade.

Cidadão preso, bandidos soltos

Foto: Átila Alberti

Grades são alternativa, mas não dá pra descuidar.

Não é preciso andar muito por Fazenda Rio Grande para encontrar algum comerciante que já tenha sido assaltado. As histórias se repetem e têm em comum a audácia dos bandidos, que agem a qualquer hora do dia, e a demora da chegada da Polícia Militar.

A alternativa encontrada pela proprietária da Mercearia Bom Jesus, para aumentar a segurança, foi colocar um portão na entrada do estabelecimento. É por uma pequena abertura que os clientes pagam e recebem as mercadorias. ?Se vejo algum suspeito se aproximar, entro e ligo para os vizinhos. Um fica de olho no outro, pois nem adianta chamar a polícia?, contou a filha da proprietária, Franciele Miranda.

Inversão

O portão foi colocado há cinco anos e no final do ano passado, quando achava que os assaltos tinham diminuído, a mãe de Franciele resolveu abri-lo. No mesmo mês, os marginais entraram e levaram R$ 5 mil em mercadorias. ?É um absurdo, mas enquanto eles estão soltos nós é que temos que ficar presos?, disse Franciele.

No último dia 21, o metalúrgico Éder Mezzari, 25 anos, chegava a sua casa, que funciona junto com uma mercearia, quando foi rendido por três homens armados. Ele e os pais foram agredidos com chutes e coronhadas na cabeça. Éder levou seis pontos. Em pouco mais de 20 minutos os assaltantes levaram vários eletroeletrônicos da casa, inclusive o televisor 29 polegadas que havia ganho de presente de casamento. ?Agora, qualquer barulhinho que a gente escuta acha que é alguém tentando entrar?, disse a mãe de Éder.

Manhã

A poucas quadras dali, uma distribuidora de bebidas foi assaltada em plena manhã de sábado. Às 10h do último dia 5, quatro homens armados invadiram o estabelecimento e levaram R$ 3 mil, que seriam usados para pagar as bebidas que chegariam no dia. A proprietária Elizabete Fores, 32 anos, foi rendida junto com o marido, o irmão, um cliente e os filhos, de 3 e 10 anos. Os homens foram trancados na câmera fria da distribuidora. ?Quando liguei para a Polícia Militar, me disseram que eu deveria ter avisado quando os bandidos ainda estavam aqui. Mesmo com as imagens dos assaltantes, gravadas pelo circuito interno de TV, nada foi feito?, disse Elizabete.

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