Bandido famoso é baleado e detido

Considerado um dos assaltantes mais perigosos do Paraná nos anos 70, o ex-presidiário Nivaldo da Silva Savagin, 53 anos, foi baleado, na manhã de ontem, por policiais militares da Força Samurai, depois de roubar uma fábrica de alimentos, em São José dos Pinhais.

Os comparsas identificados como Antônio Lima de Oliveira, 55, e Valter Alves Correia, 47, também foram presos. A troca de tiros aconteceu por volta das 10h, na Rua João Andriguetto, Jardim Itália. Duas armas de fogo foram apreendidas.

Segundo um tenente da Força Samurai, que participou da ação e não pode ter seu nome divulgado, a equipe patrulhava a região, quando ouviu gritos de uma pessoa que avisava sobre o roubo. Os policiais se depararam com dois assaltantes correndo, armados, em direção ao Jeta placa MGP-4112 de Balneário Camboriú, que dava cobertura aos criminosos.

Átila Alberti
Savagin foi ferido na perna.

Tiroteio

Os assaltantes atiraram contra os policiais, que revidaram e balearam Nivaldo. Atingido com um tiro na panturrilha esquerda e outro no joelho, ele foi preso e encaminhado pelo Siate, ao Hospital São José dos Pinhais. Valter também foi detido. Durante a troca de tiros, uma viatura descaracteriza foi atingida pelos disparos. Nenhum policial se feriu.

Antônio, que dirigia o Jeta, conseguiu fugir até a Avenida Rui Barbosa, onde foi cercado por outra equipe da PM. Nivaldo foi atendido pelo Siate e levado ao hospital, enquanto os dois comparsas foram para a delegacia de São José dos Pinhais.

Com o trio, a polícia apreendeu uma pistola 635 e um revólver calibre 38. Segundo o tenente, o Jeta, que seria blindado, não tinha alerta de furto ou roubo. A polícia investiga se outro veículo roubado estaria dando cobertura aos assaltantes.

Ainda assustados com a troca de tiros, pessoas que trabalham e moram na região contaram que o segurança de uma empresa na região ajudou na caçada aos marginais. “Ele pegou a escopeta e começou a atirar do portão da empresa”, relatou uma testemunha.

Mapa

Experientes, os assaltantes levaram mapa da região com o alvo e a rota da fuga. O papel foi encontrado dentro do carro. Segundo o tenente, os assaltantes foram até a empresa, porque sabiam que ia ter bastante dinheiro.

“Eles estavam atrás dos malotes de pagamento de caminhoneiros””. Mas, aparentemente, eles teriam fugido com menos dinheiro do que esperavam. Conforme apurou a tenente Wanderléa, do 17.º Batalhão da PM, que foi acionado para dar apoio, foram roubados do local R$ 150, e uma pasta com um notebook e cheques, que foram recuperados. Segundo a policia, todos têm passagem pela polícia. Nivaldo por roubo e homicídio.

Ficha inclui roubos e homicídios

Nivaldo, hoje de cabelos brancos, conta com várias passagens pela polícia. O crime mais grave atribuído a ele foi o assassinato, em 1977, dos irmãos Luís e Clemente Persegona, que tinham, na época, 49 e 45 anos, e eram donos de um moinho no Portão.

O irmão gêmeo de Clemente também foi atingido com um tiro e ficou paralítico. Nivaldo teve auxílio de seu irmão Nelson. Cinco anos depois, ele ganhou mais notoriedade ao liderar a rebelião na Penitenciária Central do Estado (PCE).

Ele e o irmão eram jurados de morte, tanto que, em março de 1984, Nelson foi assassinado com 50 estocadas, na PCE. Conforme matéria publicada na Tribuna, em 2007, no mesmo dia em que o irmão morreu, Nivaldo foi posto em liberdade e ainda teve tempo de liberar o corpo do irmão no IML.

Carandiru

Até 2007, quando foi preso ao lado do comparsa Clóvis da Cruz, Nivaldo tinha 13 passagens pela polícia. Sua primeira pena por homicídio e ro,ubo foi em 1973, quando foi condenado a 19 anos e 8 meses de prisão.

Dois anos depois, ele foi novamente condenado em Ponta Grossa por roubo. Cumpriu pena na Colônia Penal Agrícola (CPA), e tão cedo tomou às ruas em 1984, foi condenado novamente por roubo.

Em 1989, mais sentenças vieram: uma por falsidade ideológica e outra vez por roubo. Certamente o ápice de sua vida no sistema penitenciário foi ser personagem do chamado “Massacre do Carandiru”, em 1992, que virou filme em 2003. Os 11 tiros que levou durante a rebelião deixaram sequelas, porém, não o impediram de continuar no mundo do crime.

Em 2005, ele foi solto por habeas corpus e começou a cursar Direito numa faculdade de São Paulo (SP). Na época, a polícia desconfiava que as mensalidades do curso eram financiadas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).