Crime

Advogado de Wilson Bueno contesta avaliação de promotora

A atitude da promotora Fernanda Nagl Garcez, da Promotoria de Inquéritos Policiais, que denunciou o assassino do jornalista e escritor Wilson Bueno pelos crimes de homicídio e furto, e não latrocínio (roubo com morte), não agradou o advogado e primo da vítima Emidio Bueno Marques, que encaminhou documento à 2.ª Vara do Tribunal do Júri, apresentando-se como assistente de acusação e pedindo que, com base na confissão de Cleverson Petreceli Schmitt e das notícias publicadas em jornais, o juiz pronuncie o acusado por latrocínio, cuja pena é a maior prevista no Código Penal.

Ao anexar fotos publicadas em jornais, Emidio levantou uma nova e estranha situação. Nas fotos ele e o também advogado Pedro Octávio Gomes de Oliveira, amigo íntimo do escritor, aparecem segurando as duas primeiras alças do caixão de Bueno.

Pedro Octávio é o mesmo profissional que figura como defensor do assassino, no auto de prisão em flagrante lavrado pela Delegacia de Furtos e Roubos, dois dias depois do crime.

Pedro Octávio afirmou à reportagem da Tribuna, que realmente assinou o documento, mas não percebeu que era citado como defensor do criminoso. “Estava na delegacia e figurei somente como fiscal da lei. Atestei que o acusado não sofreu nenhum tipo de arbitrariedade. É apenas uma formalidade”, disse o advogado, admitindo também que se arrependeu de agir assim. “Quis que tudo saísse de acordo, pois era muito amigo do Bueno, e acho que posso ter dado alguma brecha para a defesa do rapaz.”

Defesa

Os defensores de Cleverson, Matheus Almeida e Maurício Zampieri de Freitas, afirmaram que pretendem esclarecer os fatos ao longo da instrução processual. Ambos suspeitam que houve pressão para que o acusado respondesse por crime de latrocínio, com a construção de uma versão diferente da real.

O motivo do assassinato, segundo a polícia, seria a cobrança de um cheque de R$ 130 que o acusado recebeu de Bueno, como forma de pagamento por um programa amoroso.

O cheque teria sido sustado pela vítima, coisa que provocaria a ira de Cleverson, que já tinha usado o documento para a compra de um botijão de gás. No entanto, o cheque não foi sustado. Deduz-se então que o motivo do crime foi outro.

Encontro

O acusado revelou na prisão que foi à casa de Bueno para novo encontro amoroso (era garoto de programa e conheceu o escritor numa sauna gay). Ao chegar por volta das 21h de 30 de maio (no bairro Tingüi), sentiu cheiro de maconha e perguntou ao escritor se ele estava usando a droga.

Irritado, Bueno disse para que ele não se metesse em sua vida. Houve discussão, briga e Cleverson pegou a faca que estava sobre a mesa do escritório (usada para cortar o tablete de maconha) e com ela atingiu o pescoço da vítima, matando-a.

Depois fugiu levando dois celulares e uma câmara fotográfica, para impedir que a polícia o localizasse através dos objetos. No entanto, o canhoto do talonário de cheques de Bueno, onde estava anotado o nome do rapaz no último cheque emitido, foi suficiente para que a polícia o localizasse e prendesse em Fazenda Rio Grande, onde morava com a mãe e o irmão.