Tráfico deprimente

Um alerta dos mais impressionantes partiu de Franco Frattini, comissário para assuntos de Segurança, Liberdade e Justiça da União Européia ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, e ao governo da Alemanha, país organizador da Copa do Mundo. O alto funcionário da comunidade reclamou da ausência de medidas enérgicas para impedir o aumento da exploração de mulheres pelas máfias da prostituição durante a competição internacional.

O presidente da Fifa respondeu de imediato que a iniciativa não pode ser cobrada da entidade máxima do futebol mundial, ressalvando que dela não se deverá exigir nenhum tipo de ingerência em questões internas do governo do país que organiza a Copa do Mundo, nesse caso, a Alemanha.

Frattini revelou aos jornalistas que cerca de 40 mil mulheres entre 15 e 20 anos podem ter entrado em território alemão, atraídas por promessas mentirosas de empregos com excelente remuneração, para logo serem obrigadas pelas máfias a se prostituir. Apesar do esforço feito pela União Européia em estabelecer mecanismos de controle nas rodovias que ligam República Checa e Polônia à Alemanha, segundo Frattini, foi impossível impedir a circulação das autênticas escravas modernas procedentes do leste europeu, África e América Latina, incluindo o Brasil.

Com redes operando em vários países do mundo, o crime organizado encontrou na atração de adolescentes e jovens induzidas à prostituição por constrangimentos que vão do cárcere privado à agressão física e psicológica, passando muitas vezes pelo jejum compulsório, uma de suas atividades mais rentáveis e seguras.

O país que protagoniza o espetáculo da maior de todas as copas já realizadas até aqui, não deveria ceder um só milímetro para o deprimente tráfico de carne humana.

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