‘TAM e Gol tentaram nos afogar’, diz presidente administrativo da Varig

Quase cinco meses após ter sido vendida em leilão judicial, a nova Varig – oficialmente VRG Linhas Aéreas – recebe hoje o certificado de homologação (Cheta) da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A empresa, que em novembro tinha 5% do mercado, renasce oficialmente com 1.927 funcionários e uma frota de 18 aviões.

A empresa agora tem 30 dias para retomar seus vôos domésticos, e 180 para os internacionais. "Vamos pegar as melhores rotas, centrando as operações domésticas no aeroporto de Congonhas", afirmou o presidente do Conselho de Administração da empresa, Marco Antonio Audi, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo. "O que não der para fazer, com toda a humildade, vamos devolver. Brigamos muito para ter nosso direito e respeitamos o direito dos outros", completou, referindo-se à disputa entre o Tribunal de Justiça do Rio, que determinou o congelamento das rotas, e a Anac, que tentou redistribuí-las.

Audi refere-se a seus dois maiores rivais, TAM e Gol, como "dois gigantes tentando afogar a gente". "Elas não acreditaram na volta da Varig, e quase conseguiram impedir. Sabe por que não conseguiram? Porque eu estava no meio. Ninguém me disse que era impossível." Em seguida, diz que não se trata de crítica. "O (Constantino) Junior e o (Marco Antonio) Bologna, (presidentes da Gol e da TAM, respectivamente), têm a empresa e empregos a defender. E eles são muito competentes.

Temendo, segundo ele, a movimentação da concorrência, Audi não revela quantos novos aviões serão incorporados à frota nos próximos 30 dias. "Temos um monte de pré-contratos e vamos tentar conseguir o máximo", diz ele. "A concorrência é cruel e, como ela, só vamos revelar os novos aviões no dia seguinte à chegada." Um desses pré-contratos é com uma empresa de leasing do próprio grupo Matlin Patterson (sócio de Audi na VarigLog, dona da Varig), que adquiriu oito aviões da Bavária que faziam parte da frota da velha Varig.

Pelo plano de negócios, a nova Varig levará até seis anos para recuperar os tempos de glória, quando chegou a ter 120 aviões. Audi não arrisca metas de participação e aposta na força e na "simpatia" da marca Varig para recuperar mercado. "A Varig é a Varig e vai buscar seu nicho sem comparação com a concorrência. Deixa a TAM e a Gol guerrearem entre si." Ele garante que não haverá barrinhas de cereal nem arrogância – atributos que ele usa para definir as concorrentes Gol e TAM -, e que os aviões serão mais confortáveis. "Não teremos barrinhas nem pitch (distância entre assentos) de 27 polegadas. Nosso serviço será diferenciado, com comidas quentes como o hambúrguer de picanha, que é um sucesso." O programa Smiles também será reforçado, "com a ampliação das vantagens". Já em termos de tarifa, revela, a empresa deverá se posicionar entre TAM e Gol.

Audi diz que está preparado para enfrentar a concorrência. "Temos fôlego para queimar e acho que quem tem a perder é a TAM e a Gol. Se eles baixarem o nível, temos condição de baixar também. Mas acho que não vale a pena eles se arriscarem, pois vão tomar um susto.

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