Setor moveleiro brasileiro vive período de crise

O setor moveleiro no Brasil vive uma de suas piores crises. Em 2006, as oscilações no câmbio diminuíram as exportações e a elevação do preço da matéria-prima dificultou as possibilidades de negociação do material com outros países. Em 2005, o setor exportou cerca de 1 bilhão de dólares no Brasil. Este ano, a soma não deve passar de 940 bilhões de dólares. Os dados foram apresentados durante o seminário ?Oportunidades para as Indústrias Moveleiras?, realizado pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL), em parceria com os Conselhos Temáticos e Setoriais da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), nesta quarta-feira (08), em Curitiba.

De acordo com o diretor de marketing da Central da Excelência Moveleira, Ari Bruno Lorandi, hoje a oferta é maior que a demanda: a produção aumentou, mas não acompanhou o consumo. ?Não estamos investindo no cliente. Deveríamos acompanhar a evolução da vida do consumidor e investir mais em inovação?, disse.

Outro aspecto apontado por Lorandi é vida útil dos móveis no Brasil. Segundo ele, o ciclo de vida dos móveis no Brasil é de cerca de 10 anos, enquanto que nos Estados Unidos esta média é de 4 anos. ?Temos que estimular as pessoas a comprar mais móveis. Se o brasileiro renovasse seus móveis a cada 8 anos, teríamos um crescimento do setor de 20% ao ano e injetaríamos cerca de R$ 4 bilhões ao ano no mercado?.

Durante o evento foram discutidas as oportunidades, tendências e perspectivas da indústria moveleira, como tecnologia, design e inovação nos produtos. ?Estas são as maiores necessidades das empresas moveleiras paranaenses. Nosso principal objetivo é debater estas questões e apresentar para os moveleiros as tendências e dificuldades?, explicou o coordenador do conselho Setorial da Indústria Moveleira, Constantino Bezeruska.

Belmiro Valverde Jobim Castor, consultor do Ebel Consultoria e Assessoria Empresarial, acredita que para vencer a crise as empresas devem atualiza-se para poder competir. ?É necessário investir em inovação, design, buscar escalas de competitividade, melhorar a produtividade, aumentar a cooperação entre indústria e universidade e investir em formas cooperadas de organização, como os Arranjos Produtivos Locais (APLs)?.

De acordo com o empresário Guido Orlando Greispel, diretor presidente da Famossul, empresa de móveis de Piên, uma das saídas para as dificuldades enfrentadas pelo setor é a adequação das empresas à questão cambial e aumentar a produtividade e diminuir as perdas. ?Na Famossul, por exemplo, adotamos mudanças no corte da madeira. Desta forma, diminuímos perda de matéria-prima e aumentamos a produtividade da máquina?, diz. Outra alternativa para a crise seria a indústria moveleira acompanhar o desenvolvimento do setor da constrição civil e de eletroeletrônicos. ?Onde há construção, há móveis, e quase todos os eletroeletrônicos precisam de um móvel. Se os setores caminhassem juntos, aumentariam as oportunidades de negócios?, disse Bezeruska.

Paraná

De acordo com Bezeruska, a maior parte das empresas do Estado são de médio porte e estão espalhadas em todas as regiões. ?O maior pólo está concentrado em Arapongas, com a produção de móveis seriados e populares e em grande escala; em União da Vitória a produção concentra-se na fabricação de portas e madeiras e em Curitiba e Região Metropolitana, a produção é voltada a trabalhos sob medida?, diz, lembrando que no Paraná, existem 3.559 indústrias, que correspondem a 11,01% do parque industrial de transformação do Estado.

O evento

O encontro faz parte do ciclo de 13 eventos que serão realizados no mês de novembro sobre meio ambiente, micro e pequena indústria, setor moveleiro e mineral. Eles são resultados de um convênio firmado em maio entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O convênio prevê a realização de seminários e cursos em temas de interesse da indústria: qualidade, meio ambiente, design, energia, tecnologia, responsabilidade social e parcerias público privadas. O primeiro evento ocorreu em 17 de agosto e debateu a utilização das parcerias público privadas para o futuro do Brasil.

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