“Tudo foi inventado"

Reviravolta! Jovem que denunciou estupro em universidade é desmascarada

O inquérito sobre o possível caso de estupro que teria acontecido dentro da Universidade Positivo (UP), em abril de 2017, foi concluído e a Polícia Civil descobriu que não houve estupro. À época, a jovem contou, duas semanas após o suposto crime, que tinha sido estuprada num local escuro, próximo a uma área de caminhada da universidade. A moça, de 19 anos, de vítima passou a responsável por uma falsa comunicação de crime.

O abuso teria acontecido numa área escura, próximo ao rio que tem dentro da universidade. Os dois homens teriam abusado sexualmente da jovem. A violência não teria sido presenciada por ninguém e a moça só fez a denúncia à Delegacia da Mulher mais de duas semanas depois do suposto crime.

A jovem, que foi estudante do bloco amarelo da universidade, que fica no bairro Campo Comprido, contou aos policiais que tinha sido abordada por dois homens enquanto atravessava a ponte para assistir a uma palestra no grande auditório. Segundo a denúncia, os dois teriam a pegado e colocaram um pano sobre a boca dela para que não gritasse.

Investigações

Imediatamente ao que foi denunciado, a equipe da Polícia Civil começou a investigar o que seria um crime grave dentro de uma instituição de ensino de grande porte. O suposto crime ganhou repercussão em todo o Paraná e estudantes, acreditando na versão da jovem, chegaram até a fazer protesto dentro da universidade, pedindo por mais segurança.

Além do exame de corpo de delito, a vítima foi ouvida pela equipe da Delegacia da Mulher e passou a ajudar nas investigações. Para colaborar, a jovem chegou a fazer até um retrato falado. Na época, a advogada dela, Nathalia Schwingel de Souza, disse que poucos detalhes podiam ser passados para não atrapalhar as investigações.

Foto: Gerson Klaina.
Foto: Gerson Klaina.

Farsa descoberta

A suspeita sobre a denúncia da estudante começou depois que a jovem entrou, por diversas vezes, em contradição. “Tudo que ela nos dizia, era confirmado e confrontado. Quando indagávamos de outra forma, ela se contradizia e aí fomos descobrindo que ela estava mentindo”, explicou a delegada Eliete Aparecida Kovalhuk.

A moça disse, na época, aos policiais que tinha recebido uma mensagem de texto chamando-a para a suposta palestra no auditório da universidade. “Mas descobrimos, através da perícia do celular dela, que essa mensagem nunca existiu e aí ela acabou confessando que inventou toda a história”, detalhou a delegada.

Nenhum crime

Conforme a delegada, o crime denunciado pela jovem nunca existiu. “Tudo foi inventado. Até mesmo sobre o local em que teria acontecido o suposto estupro. Ela nos contou que inventou como aconteceu no dia em que nossos policiais a levaram até lá na universidade para que contasse como tudo tinha acontecido”. Aos policiais, a moça não soube explicar o motivo de ter mentido a respeito do suposto estupro, mas a delegada suspeita que questões financeiras podem ter motivado.

“Tudo foi inventado. Até mesmo sobre o local em que teria acontecido o suposto estupro", explicou a Eliete Aparecida Kovalhuk.
“Tudo foi inventado. Até mesmo sobre o local em que teria acontecido o suposto estupro”, explicou a delegada Eliete Aparecida Kovalhuk.

A delegada explicou, ainda, que mesmo com a denúncia da jovem vindo duas semanas após o crime, isso não foi primordial para a suspeita nas investigações. “A gente precisa levar em conta que a vítima, no caso a mulher, tem seu tempo. Geralmente elas denunciam ineditamente, mas precisamos respeitar o tempo que cada pessoa pode ter para poder falar sobre o assunto”.

Com base em tudo o que foi apurado, o inquérito foi concluído e a situação inverteu. De vítima, a jovem passou a responsável por um crime. “De menor potencial, mas com gravidade. Cabe a Justiça definir se ela vai ou não assinar um termo circunstanciado por falsa comunicação de crime“, explicou a delegada

Caso essa decisão seja de acordo com o que a Polícia Civil concluiu, a jovem pode pegar uma pena de um a seis meses de prisão ou multa.

Posicionamento da universidade

Após a divulgação do resultado do inquérito policial a respeito do caso, a Universidade Positivo divulgou uma nota na qual afirma que:

“Diante do relatório final do inquérito divulgado pela Polícia Civil por meio da Delegacia da Mulher, que concluiu pela inexistência de crime em suas dependências, a Universidade Positivo (UP) demonstra sua satisfação por ter sido esclarecido o fato denunciado – confessadamente inverídico – e agradece o minucioso trabalho policial realizado, com o qual a UP sempre colaborou e colabora, com transparência e rapidez.

Informamos ainda que nosso foco continua sendo a prestação de todo o suporte à nossa comunidade, preservando os envolvidos e oferecendo a eles o atendimento necessário. A UP continuará a aprimorar as medidas de segurança em seus espaços, contando com a parceria do Comitê de Melhorias Estruturais da Universidade Positivo, do qual participam funcionários e alunos da instituição, assim como representantes da comunidade”.

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