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Greve deixa serviços indisponíveis na Polícia Civil. Confira!

Foto: Gerson Klaina.

A semana começou com delegacias divididas em Curitiba e região. Em boa parte dos distritos policiais e das delegacias especializadas, as portas, nesta segunda-feira (17), amanheceram fechadas. Escrivães, investigadores, papiloscopistas e agentes de operações da Polícia Civil do Paraná estão parados por tempo indeterminado.

Em Curitiba, durante uma rápida passagem por algumas das principais delegacias, a reportagem da Tribuna encontrou gente que foi atendida e que, portanto, não teve nenhum problema, mas também algumas pessoas revoltadas com a greve. “Acredito que seja só assim para que alguma coisa seja feita. Todos sabem que a polícia do Paraná está sucateada, não tem melhoria, talvez parando, algo resolva. A Polícia Militar devia parar também”, disse um homem, que não se identificou.

Na Delegacia da Mulher, no Centro, um princípio de tumulto aconteceu do lado de fora, depois que uma mãe queria entrar para fazer um boletim de ocorrência contra a filha, que estaria a ameaçando. “Os policiais disseram que não tinha atendimento, ela se revoltou, disse que iria invadir a delegacia, mas acabou indo embora”, contou uma moça que acompanhava a amiga.

Conforme a mulher, a amiga foi atendida porque veio da Casa da Mulher Brasileira. “Ligaram para a delegacia e, como era um caso grave (ela apanhou do marido e estava bem machucada), tínhamos que fazer logo o exame de corpo de delito, então nos receberam e nos atenderam bem. Mas muita gente veio e não conseguiu nem entrar”, disse.

Foto: Gerson Klaina.
Na imagem a DFR ainda estava fechada, mas conforme apurou a Tribuna foi aberta por volta das 11h e vai atender à população. Foto: Gerson Klaina.

Já na Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), no Jardim Botânico, no momento em que a equipe da Tribuna esteve por lá as portas estavam fechadas, mas logo depois foram abertas. Conforme apurou a reportagem, os investigadores permaneceram parados, mas a população não foi prejudicada, pois o atendimento permaneceu o mesmo.

Voltando à Delegacia da Mulher, por exemplo, quem apertou o interfone para tentar conversar com os investigadores de plantão recebeu a orientação de que deveria voltar em outro momento. “Disseram para voltar na quarta-feira (19), ou ligar para saber se estão atendendo ou não. Eu não entendi. A greve não tem tempo determinado para acabar, mas pode ser que na quarta já acabe?”, indagou uma mulher, que precisou registrar um BO, mas não conseguiu.

Os lados divididos, entre delegacias que aderiram totalmente à greve e àquelas que não pararam de atender à população, se deram em toda Curitiba e RMC. Em Araucária, por exemplo, os policiais atenderam apenas situações de flagrantes. Já em Curitiba, distritos dos bairros estavam com as portas fechadas.

Reinvindicações e orientações

A categoria reivindica reposição da inflação nos salários. Os policiais também pedem a negociação de demandas específicas da classe, como contratação de novos policiais, o fornecimento de coletes à prova de bala e o fim do desvio de função no que diz respeito à guarda dos presos em delegacias.

Segundo o Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol), que representa os policiais, a orientação era a de que todos deveriam comparecer a suas unidades. Os policiais devem permanecer durante o período de expediente ou de plantão, mas apenas para evitar sanções administrativas.

Conforme os próprios policiais, que estão de braços cruzados, o trabalho de rotina não seria feito. “Vamos continuar trabalhando sim, mas agora pela nossa causa. Esse é o momento de mostrar não só ao governo, mas também para a população, que nosso trabalho é muito importante”, disse um investigador, sem se identificar.

Corporação diz que não parou

Conforme o Sinclapol, durante o período de greve, poucos serviços vão ser mantidos. Basicamente, vão continuar os atendimentos aos locais de crimes contra a vida (como homicídio e latrocínio, por exemplo). Já a confecção de boletim de ocorrência e carteira de identidade, por exemplo, segundo o Sinclapol não vão ser feitos até o final da greve.

Foto: Gerson Klaina.
Comunicado colocado nas portas das delegacias. Foto: Gerson Klaina.

Além disso, policiais também não vão receber sacolas para presos, nem receber visitas e não vão escoltar os detentos que estão em carceragens de delegacias de todo o Estado. Essas atividades, segundo o sindicato, não devem ser realizadas por serem ilegais.

Ainda conforme a nota do sindicato, “por questão de humanidade e de segurança da unidade, nas delegacias onde houver presos, mas que não tenham o suporte dos agentes de cadeia, a alimentação fornecida pelo Estado será repassada”.

O Departamento da Polícia Civil, por sua vez, informou através de nota que o atendimento ao público não deverá ser afetado. Conforme o Departamento, o sindicato se comprometeu em respeitar as normas e leis vigentes, mantendo o atendimento legal e necessário para o funcionamento das atividades nas delegacias do Paraná.

A Polícia Civil informou ainda que recebeu o comunicado de greve emitido pelo Sinclapol, no final da tarde da última sexta-feira. O documento já foi encaminhado à Procuradoria-geral do Estado (PGE) para conhecimento e eventual legalidade junto à Justiça.

Em alguns casos, os boletins de ocorrência, por exemplo, podem ser feitos através da delegacia eletrônica. O endereço é o www.delegaciaeletronica.pr.gov.br.

Foto: Gerson Klaina.
Na Delegacia da Mulher, população não foi atendida. Foto: Gerson Klaina.