Reação pública

A mesa diretora do Senado Federal mudou de opinião. Em apenas uma semana, alguns senadores tornaram-se dos mais criticados cidadãos brasileiros por conta de uma decisão errônea. Eles, à revelia do restante dos senadores e da população, decidiram criar cargos comissionados, que não precisariam ser preenchidos por funcionários concursados, e que custariam aos cofres da União mais de R$ 1 milhão ao mês.

Em outros tempos, a decisão seria tomada e pronto. Agora, não. A imprensa noticiou no dia seguinte (a reunião aconteceu na calada da noite) e houve péssima repercussão, logo sentida pelo presidente da Casa, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN). Ele começou a negociar a suspensão da decisão. No início, com os senadores da mesa ainda restritos à visão deles e de seus assessores (sempre aprovando, mesmo que as idéias sejam as mais esdrúxulas), houve resistência. Mas, após perceberem a impopularidade da decisão nas suas ?bases?, foram recuando até, ontem, desistirem de vez da idéia. E para evitar que apareçam ?pais da criança?, nem foi feita reunião, o próprio senador Garibaldi Alves arquivou o projeto.

É a resposta da sociedade civil. Mesmo não organizada, ela irrompe de seu pretenso silêncio e age com decisão em nome da decência. Foi assim em 1992, quando do impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Agora, vê-se esta reação em situações mais corriqueiras, mas não menos indecentes. É a reação (exagerada) nos casos Isabella Nardoni e Mariana Damiane, é a indignação de juízes e procuradores por conta da interferência do Supremo Tribunal Federal na Operação Satiagraha.

São atos a princípio distantes uns dos outros, mas todos indo para o mesmo caminho – a ação da sociedade em nome da ética, da responsabilidade e da justiça. Quando a população começa a entender que é participante deste processo, e precisa se fazer ouvir (claro que com respeito total às instituições), é um sinal que o Brasil está amadurecendo em todos os sentidos.

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