Público já está a espera da cerimônia do Oscar

A festa está preparada – resta esperar pelos convidados especiais. Toda a região em torno do Kodak Theatre já está fechada para o trânsito, assim como a estação de metrô Hollywood Highland, que serve a região. A cerimônia do Oscar só começa no final da tarde de Los Angeles mas já é grande a movimentação ao redor do teatro e do tapete vermelho, por onde passarão as estrelas em algumas horas. Um batalhão de repórteres apresentadores e técnicos de televisão de diversas partes do mundo cuida dos últimos preparativos, todos vestidos de gala, como exige a cerimônia. Também o público selecionado para acompanhar a chegada dos atores também já se acotovela na arquibancada especialmente armada, à frente da entrada do teatro

"Sei que é um clichê dizer isso, mas estar aqui é a realização de um sonho", vibra Jennifer Windsor, uma sorridente dona-de-casa do Tennessee, cujo cabelo dourado brilha mais que as réplicas da estatueta, espelhadas pelo caminho. "Não me importo de ficar aqui várias horas, esperando." Com o céu claro e o sol se firmando (uma exceção na semana, que terá chuva nos próximos dias, segundo os meteorologistas), a espera será, de fato, fatigante. Enquanto isso, as apostas se intensificam.

Ao contrário dos principais prognósticos, que apontam a vitória de "O Segredo de Brokeback Mountain" como melhor filme, o público que se acomoda na arquibancada acredita num azarão: "Crash – No Limite", por tratar de um assunto sempre em discussão, a questão racial. Pode ser o efeito do sol na cabeça, mas os principais responsáveis pela cerimônia fazem o possível para não serem surpreendidos.

Cerca de 240 pessoas estão encarregadas de distribuir o roteiro da cerimônia que, inicialmente, tem 250 páginas, mas que será mudado à medida que a festa se desenrole. Sim, tudo é constantemente cronometrado para evitar um estouro na duração. Jenny Stanley é a encarregada de manter a cerimônia em seu curso tentando corrigir desde eventuais grandes falhas até pequenos mas importantes detalhes, como a pronúncia certa de nomes e de títulos de filmes.

Jenny só não poderá controlar a língua dos vencedores que, como se sabe, às vezes perdem a noção de compostura. Mesmo assim, todos os indicados receberam um vídeo de dez minutos em que Tom Hanks oferece alguns conselhos. Pede-se, por exemplo, que se evitem comentários políticos – irônica advertência em vista dos temas tratados pela maioria dos filmes indicados e até do humor ferino praticado pelo apresentador do Oscar, Jon Stewart.

Outra dica é a de se evitar vexames, como o do italiano Roberto Begnini que, ao ser chamado ao palco por Sophia Loren para receber o Oscar de melhor filme estrangeiro para "A Vida é Bela" (derrotando "Central do Brasil"), simplesmente subiu no encosto das cadeiras. Ou ainda o constrangedor discurso de Sally Field, a eterna noviça voadora, eleita melhor atriz por "Norman Rae" – sem conter as lágrimas, ela insistia em dizer para a constrangida platéia: "Vocês gostam de mim."

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