Preço do álcool nas usinas é o menor em dois anos

A queda de 10,45% no preço médio do litro do álcool hidratado nas usinas paulistas na semana passada trouxe o preço do combustível, utilizado nos veículos a álcool ou flex fuel, para o menor valor nominal em dois anos. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), o preço médio do litro do hidratado ficou em R$ 0,60789. Já o litro do álcool anidro, com a redução de 13,74% nas unidades produtoras, custa R$ 0 76416 e é o mais baixo desde setembro de 2005.

De acordo com análise da equipe de pesquisadores do Cepea, as chuvas que atingiram praticamente todo o Estado de São Paulo na semana passada não evitaram a queda nos preços, tamanha a oferta do combustível pelas unidades produtoras no início da safra 2007/2008. Normalmente, as chuvas obrigam as usinas a reduzir a moagem por dificuldade de retirar a matéria-prima dos canaviais.

Com as baixas em São Paulo, as distribuidoras paulistas, de acordo com o Cepea, passaram a evitar a compra de álcool em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, cujos preços ainda eram vantajosos. Como a demora para a entrega do combustível adquirido nos dois Estados chega a três dias, o produto pode ficar mais caro e ultrapassar os praticados em São Paulo.

Mesmo ainda de forma lenta, o forte recuo no preço do álcool hidratado nas usinas paulistas já começa a ser repassado aos consumidores. Em Ribeirão Preto (SP), por exemplo, o preço do litro do combustível nos postos baixou de R$ 1,40 para entre R$ 1,23 e R$ 1,29 no final de semana, uma queda média de 8%. "Desde o começo do mês, quando o preço era de R$ 1,49 o litro, a queda foi de 15% em média", disse o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), Renê Abad.

De acordo com o Abad, a queda ocorre pelo fato de as distribuidoras, "principalmente as grandes", repassarem as reduções obtidas junto às usinas no começo da safra de cana-de-açúcar. Já o preço da gasolina, que tem 23% de mistura de álcool anidro, ainda não reduziu na cidade paulista mesmo com a forte queda do valor do anidro nas usinas, e o litro custa, em média, R$ 2,56.

A queda do preço do álcool nas usinas paulistas pressionou até o valor do combustível comercializado no Nordeste. Em Pernambuco, o indicador Cepea do hidratado teve média mensal de R$ 0,90889 o litro, queda de 1,63% em relação a abril. Para o anidro, o preço foi de R$ 1,02767 o litro, baixa de 1,09% em iguais períodos. Em Alagoas, os indicadores de maio foram de R$ 1,04166 para o litro do anidro e de R$ 0,92180 para o do hidratado, baixas de 1,36% e 4,68%, respectivamente, sobre o mês anterior.

A produção de álcool maior que a de açúcar no início da safra faz com que o combustível esteja em desvantagem na paridade entre os dois produtos do processamento de cana. Cálculos do Cepea indicam que o preço médio do açúcar remunerou 4% mais que o álcool anidro e 22% mais que o hidratado na última semana. Comparando-se os dois tipos de álcool, verifica-se que o anidro remunerou 18% mais que o hidratado nesse mesmo período.

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