Posicionamento político cosmoético

Afloramento. A onda de escândalos tem revelado ações corruptivas uma vez que ? o termo corrupção indica quaisquer ações praticadas de forma e ações camuflada, a partir de uma zona de penumbra, à margem das linhas comportamentais norteadas pela lei e pela moral, sempre com vista na obtenção de vantagens individuais ou em prol de um grupo, intangíveis pelas vias ordinárias? (Caggiano, Mônica Herman S. Corrupção e Financiamento das Campanhas Eleitorais. In O Regime Democrático e a Questão da Corrupção Política. Atlas Jurídica; São Paulo, SP; 2004; páginas 116 a 142).

Ocultismo. Predomina o comportamento público condicionado a atitudes secretas, camufladas e obscuras.

Imoralidade. Trata-se de posicionamentos ilegais, imorais, antiéticos e anticosmoéticos.

Reverso. Em contrapartida, o comportamento político deveria concretizar o Estado Democrático de Direito claro, digno e transparente.

Predominância. Prevalece, ao contrário, atmosfera política de ?ações corrosivas de lobbies, de grupos de pressão, das potências econômicas e, em geral, de interesses individuais e individualisticos?. (Caggiano: 2004).

Reflexão. A função do pensador do Direito e de toda sociedade diante dos fatos é o de revelar as máscaras do óbvio, das certezas, das verdades, da construção e manipulação ideológica e política através da desestabilização e desconstrução do imaginário e da ordem simbólica existente (Streck, Lenio Luiz. A Revelação das ?Obviedades? do Sentido Comum e o Sentido (In)comum das ?Obviedades? Reveladas. In O Poder das Metáforas. Livraria do Advogado Editora; Porto Alegre, RS; 1998; páginas 53 a 60).

CPMIs. As Comissões Parlamentares de Inquérito tornaram-se palco para políticos, investigados e testemunhas ?a favor? da moralidade, da transparência, do discurso da verdade, da ?confissão? do erro, do ilícito e da sonegação.

Esterilidade. São posicionamentos políticos deslocados e anticosmoéticos porque sociosos uma vez que apenas desejam agir de maneira politicamente correta (Arakaki, Cristina. In 3.º Enconto do Colégio Invisível da Cosmoética; CEAEC; Foz do Iguaçu, PR; 8/08/2004).

Intencionalidade. A intenção é criar empatia pública através da vitimização, do discurso religioso do ?mea culpa?, da compaixão pública a partir do sentimento de piedade.

Manobra.  É manipulação emocional: posicionamento ectópico mascarado (falso).

Anormalidade. A ilicitude generalizada e habitual tornou-se justificativa comum, argumentação falaciosa do jeitinho onde ?se todo mundo faz, então também posso fazer? (Duda diz que Pagamentos de Campanha não Contabilizados ?acontecem? In http://noticias.uol.com.br/uol-news/bandnews/ aovivo/player.htm; Acesso em 11/08/05).

Engodo. Há proliferação da autocorrupção, com artimanhas defensivas na tentativa de explicar através de sofismas e falácias lógicas o que está óbvio para todos. Encontramos exemplos na mídia:

1. Declarações feitas à CPI expõem, em tempo recorde, as mentiras que são ditas.(V. VEJA; Dirceu, O Ex-Mestre dos Disfarces; São Paulo, SP; 10/08/05 páginas 69 a 72).

2. Contradições em depoimentos marcaram acareação realizada na CPI (V. Folha de S. Paulo; Dirceu e Jefferson trocam Ironias e Acusações; São Paulo, SP; 03/08/05; página A5).

3. Eufemismo é utilizado por ex-tesoureiro do PT ao mencionar ?dinheiro não-contabilizado?. (V. Época; Dinheiro Sujo abasteceu PT; São Paulo, SP; 25/07/05; páginas 30 a 34).

4.?Aveztruzismo? presidencial é saída para enfrentar crise utilizando programas sociais e populismo (V. Jornal do Brasil; Lula ataca a Elite e defende os Pobres; Rio de Janeiro, RJ; 23/07/2005; página A3).

5. Negação quanto ao conhecimento de caixa 2 vem sendo desmascarada em cada etapa da CPI. (V. A Notícia; PT, PL e PP sacaram no Banco Rural; Florianópolis, SC; 20/07/05; página A5).

Egoísmo. A onda de revelação da tradição corrupta, do favoritismo, do nepotismo e do uso da máquina pública em favor próprio comprova a total falta de senso de generosidade política.

Egocracia. A atual conduta-padrão política é contrária a qualquer indício de universalismo ou de humanidade mais ampla (Vieira, Waldo; Homo sapiens reurbanisatus. CEAEC Ed; Foz do Iguaçu, PR; 2003).

Cadeia Anticosmoética. O posicionamento político cosmoético não compactua com o ambiente de fofoca (política), do ?tititti?, da intriga e não se aproveita da carência social.

Entropia. Trata-se de exercício do poder entrópico e doentio, porque centrado em interesses individuais, familiares e de grupos específicos.

Pró-atividade. O posicionamento político cosmoético rompe com esta cadeia através da manutenção pessoal e grupal de saúde íntima a partir da troca de idéias mais avançadas em busca de soluções efetivas que promovam o bem estar coletivo e a assistência universal.

Leviandade. O momento político atual espelha o bifrontismo consciencial dos detentores do poder político.

Volúvel. Bifrontismo ?é a condição do ser humano, homem ou mulher, ou na realidade poussuidores de duas caras ou manifestações contraditórias, sendo portanto, em geral intencionalmente paradoxal, anticosmoética e consciencialmente antievolutiva? (Vieira: 2004).

Interação. O poder cosmoético, próprio do posicionamento cosmoético assistencial, é aquele exercido em prol da assistencialidade e da maxifraternidade – minipeça no maximecanismo multidimensional (Arakaki: 2004).

Auto-crítica. Sugerimos o questionamento sobre ?qual a profundidade do ?egocídio? da classe política? Qual a predominância da bondade inata, da bondade adquirida pela auto-educação ?? (Vieira, Valdo. Conscienciograma. Ed. IIPC; Rio de Janeiro; RJ; 1996; página 208).

Ação. O posicionamento político cosmoético abre espaço para a possibilidade do exercício da ?cidadania planetária autêntica, num universo complexo? onde ?uma ética para todos? seja possível bastando, para tanto, ?que se faça um esforço? sempre. (Changeux, Jean-Pierre (org.). Uma Ética para Quantos? Edusc; Bauru, SP; 1999).

Renovação. A transformação política é possível a partir do governo de si mesmo coerente e cosmoético conquistado através da auto-renovação sincera e transparente.

Adriana de Lacerda Rocha é doutoranda em Ciências Jurídicas e Sociais pela UMSA- Universidad Del Museo Social Argentino, mestre em Direito Constitucional pela PUC-RJ. Professora Universitária e Voluntária da Conscienciologia em Foz do Iguaçu-PR. Autora de vários artigos e do livro ?Autonomia Legislativa Municipal?, Ed. Lumen Juris. alrocha@kiwiocas.net

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