Richa acusa Requião de discriminar Curitiba

O prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), acusou o governador Roberto Requião (PMDB) de discriminar a capital na distribuição de recursos no Estado. Segundo Beto, desde o fim das eleições, quando apoiou o senador Osmar Dias (PDT) ao governo do Estado, Requião suspendeu os financiamentos que estavam sendo contratados pela Prefeitura junto ao governo do Estado. As declarações do prefeito foram feitas logo após visita às obras do binário Santa Bernadethe, no bairro Lindóia, em entrevista divulgada pela rádio BandNews.  

Segundo Beto, a suspensão dos repasses prejudica uma série de obras que estavam sendo previstas, como revitalização e pavimentação de parte do Anel Viário I e outras obras viárias regionais. O prefeito disse que obras no valor de R$ 49,593 milhões, que dependem da liberação de financiamentos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, estão sendo prejudicadas.

Beto disse também que sua família, assim como o ex-deputado tucano Euclides Scalco, vão interpelar o governador judicialmente por causa da declaração de Requião na escola de governo. Beto vai pedir que o governador confirme ou desminta o que declarou na reunião. O prefeito voltou a afirmar que Requião atacou o nome de seu pai, o ex-governador José Richa, e que tem gravação em vídeo para provar.

Durante a reunião da escola de governo, na terça-feira, 13, o governador disse que quando assumiu o governo recebeu uma denúncia do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR) de que a obra de duplicação do trecho rodoviário Curitiba-Garuva, que havia sido concluída e paga no seu primeiro mandato, teria sido novamente faturada em R$ 10 milhões, valor pago à empresa DM-Construtora de Obras Ltda., de propriedade de Darci Fantin. O valor foi liberado pelo DER-PR, segundo o governador, por ordem de José Richa Filho que ocupava a diretoria administrativa-financeira do órgão.

O secretário da Casa Civil, Rafael Iatauro, negou que o governo do Estado tenha parado de repassar recursos à Prefeitura de Curitiba. ?Os repasses não foram suspensos. O que pode ter ocorrido é uma paralisação por causa das mudanças do secretário. Não vai haver nenhum problema?, declarou. Segundo o secretário, politicamente a situação entre o governador e o prefeito não é das melhores, mas administrativamente não se altera.

Para Iatauro, Beto deu ênfase em suas declarações para coisas que Requião não falou. ?Em nenhum momento José Richa foi citado. Beto deve ter sido mal informado por sua equipe. O discurso dele hoje (ontem) pela manhã foi de uma violência muito grande em termos gramaticais. Requião está pedindo que se apure a denúncia. O governador não ia fazer uma denúncia vazia?, disse.

Segundo o secretário, Requião disse a ele que de acusador, virou réu. ?Requião me falou que não acusou Cila Schulmann de ficar com o dinheiro, mas que isso havia sido dito a ele por um empresário. O governador quer que se apure se ela ficou com o dinheiro ou não?, declarou. Ainda de acordo com Iatauro, Requião ficou revoltado com o fato de ser citado pelo oficial de Justiça, no processo que é movido por Cila, porque já havia confirmado sua presença à Justiça.

Manifestações

Apontado pelo governador como a fonte da informação sobre o destino dos recursos pagos à DM-Construtora para a campanha de Beto Richa ao governo do Estado em 2002, o dono da empreiteira, Darci Fantin, divulgou ontem sua posição no episódio. Segundo Fantin, ele não conversou com Requião a respeito do pagamento do DER à sua empresa. Afirmou também que para evitar a continuidade de dúvidas coloca à disposição do governador e da Justiça o sigilo sobre o uso dos R$ 10 milhões, que diz terem sido pagos legalmente por serviços ao DER-PR.

O Diretório Estadual do PSBD também se manifestou ontem, por meio de nota em que se solidariza com a família Richa, e com o ex-ministro Euclides Scalco. Para o presidente estadual do partido, Valdir Rossoni, as declarações do governador são inverídicas e merecem o repúdio de todos os tucanos no Paraná. 

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