'Escolinha'

Requião manda cortar ponto de servidores

Irritado com a manifestação de um grupo de funcionários da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), o governador Roberto Requião (PMDB) mandou cortar-lhes o ponto. Os servidores pediam a distribuição de lucros de 2008 da empresa. “Vejo que tem aí fora um grupo de desocupados fazendo manifestação, não aceito manifestação. Como determinei pagamento linear dos lucros, eu determino à Sanepar que corte o ponto de todos esses desocupados.”

A manifestação ocorreu na manhã de hoje, quando o governador chegava à reunião da Escola de Governo. Usando uma bota ortopédica em razão de fraturas no pé esquerdo, fruto de queda de um palanque na quinta-feira, o governador acentuou que, ali mesmo, já tinha determinado o pagamento da participação dos lucros. “Nós vamos dividir o lucro pelo número de funcionários e todos receberão a sua parte, se não me engano qualquer coisa ao redor de R$ 1.650 por funcionário, independentemente de seu salário”, disse.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores no Saneamento (Saemac), havia cerca de 150 pessoas na manifestação. “Quero o ponto cortado, manda fotografar essa gente e corta o ponto e, se insistirem, providenciem a demissão”, determinou Requião. “Dizem que a Sanepar não quer cumprir a minha determinação (de pagar a participação nos lucros), se não cumprir eu demito a direção inteira, mas realmente não é o caso.” De acordo com o governador, o pagamento deve ser feito até o fim do ano, dependendo do caixa da empresa.

O presidente do Saemac, Gerti José Nunes, disse não acreditar em desconto no salário dos que participaram do protesto. Segundo ele, a manifestação foi encerrada e todos voltaram ao trabalho “a partir do momento em que ele ratificou o pagamento de forma linear até o final do ano, contemplou todos os trabalhadores e sanou qualquer dúvida que porventura existia na cabeça da diretoria da Sanepar”.

O pagamento da participação dos lucros estava emperrado legalmente, pois a estatal alega ter dívida de R$ 744 milhões com o governo. No entanto, no final de outubro, Requião assinou um ato de excepcionalidade ao decreto que impedia o pagamento.