Perfil

Conheça a trajetória de Rafael Greca, prefeito eleito de Curitiba

Foto: Antonio More.

Vinte anos depois, Rafael Greca (PMN) ocupará novamente a cadeira de prefeito de Curitiba. Quando muitos já o davam como morto politicamente após quatro derrotas seguidas nas urnas, ele se aproveitou do momento do país em que a classe política está mergulhada em completo descrédito. Para isso, vendeu aos eleitores o mote da “volta para o futuro”, a um “tempo em que a cidade funcionava” e era reconhecida e copiada nacional e internacionalmente. Deu certo.

Engenheiro recém-aposentado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ipuc), Greca está na vida política há quase 35 anos. De vereador a ministro de Estado, transitou pelas mais diversas correntes políticas e circulou com os mais variados aliados possíveis. Do PDS, que sucedeu a Arena como partido de sustentação da ditadura militar, migrou para o PDT do ex-governador Leonel Brizola. Mais tarde, foi para o conservador PFL (atual DEM), acompanhando o padrinho político Jaime Lerner. De lá, acabou no PMDB de Roberto Requião, maior adversário do ex-prefeito e ex-governador.

Agora, como prefeito eleito, está filiado ao nanico PMN, para onde se transferiu por dois motivos: viabilizar a candidatura deste ano, que não conseguiria no terreno peemedebista, e evitar ter de responder durante a campanha sobre escândalos nacionais que permeiam praticamente todas as grandes legendas. Seguindo a história de alianças polêmicas, porém, contou desta vez com o apoio do governador Beto Richa (PSDB), a quem atacou duramente enquanto era ligado a Requião. “Meu partido é Curitiba”, desconversou durante toda a campanha.

Excêntrico para alguns e um grande estudioso e conhecedor da cidade para outros, Greca terá de vencer a desconfiança sobre se conseguirá tirar do papel todas as promessas eleitorais diante da crise econômica que o país enfrenta. Também terá de se mostrar capaz de resgatar a Curitiba modelo que ajudou a construir 20 anos atrás.

De certo, pode-se esperar o sempre falastrão Rafael Greca – para o bem e para o mal − nos próximos quatro anos. No primeiro turno da campanha, por exemplo, quase pôs tudo a perder ao dizer, em uma sabatina na PUCPR, que vomitou ao transportar um pobre dentro do carro. Desculpou-se e disse ter sido mal interpretado.

Perfil Rafael Greca

Idade: 60 anos

Local de nascimento: Curitiba

Formação acadêmica

Engenharia Civil pela UFPR e Economia pela Fundação de Estudos Sociais do Paraná (Fesp)
Experiência profissional fora da política

Servidor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), escritor, poeta e pesquisador de história.
Na política
Experiência política

Não ocupa atualmente nenhum cargo público.

Foi diretor da Casa Romário Martins (vinculada à prefeitura de Curitiba) no fim da década de 1970,
vereador de Curitiba (1983-1986),
deputado estadual em três legislaturas (1987-1990, 1991-1993 e 2003-2007),
prefeito de Curitiba (1993-1996),
deputado federal (1997-2002),
ministro do Esporte e Turismo do governo FHC (1999-2000),
secretário estadual de Planejamento do governo Jaime Lerner (1997),
secretário da Casa Civil de Lerner (1997-1998),
secretário da Comunicação Social de Lerner (2000-2002),
presidente da Companhia de Habitação do Paraná no governo Requião (2007-2010) e
assessor comissionado de Requião no Senado (2011-2015).

Partidos nos quais já esteve

5 – PDS (atual PP), PDT, PFL (atual DEM), PMDB e PMN
Ícone de sua atuação política

Os Faróis do Saber
Partidos da coligação

7 (PMN, PSDB, PSB, DEM, PTN, PSDC e PTdoB)
Grupo político ao qual é ligado

Greca é o candidato oficial do governo do estado.

O PSDB, partido do governador Beto Richa, está na coligação. No segundo turno, recebeu o apoio do grupo político do ministro da Saúde, Ricardo Barros – que concorreu à prefeitura com a deputada estadual Maria Victoria (PP).

Ele também tem o apoio do PSB do ex-prefeito de Curitiba Luciano Ducci. De um modo geral, integrantes da administração municipal anterior à do prefeito Gustavo Fruet (PDT) estão com Greca.

A campanha

Principal imagem que buscou transmitir na campanha

Vai resgatar os bons tempos de Curitiba, quando a cidade era referência internacional em urbanismo e qualidade de vida.

Propostas que tiveram destaque na campanha

*Reorganizar todos os 109 postos de saúde em 180 dias para melhorar o atendimento à população.
Ampliar em pelo menos 50 o número de leitos de UTIs e mais 200 leitos de retaguarda disponíveis na cidade.
* Instituir um sistema de marcação de consulta on-line.
* Requalificar os Faróis do Saber.
* Criar o Vale do Pinhão no Rebouças e no São Francisco, projeto para estimular a criação de empresas na cidade.
*Implantar um sistema de VLP (veículo leve sobre pneus) para melhorar o transporte coletivo de alta capacidade.
* Criar um canal aberto com a prefeitura, que estará 24 horas à disposição da população para sugestões, reclamações e denúncias.
* Chamar os 400 guardas municipais aprovados em concurso que ainda não fazem parte do efetivo da segurança da cidade.

Acusações contra ele na campanha

*Teria se apropriado de objetos da Casa Klemtz, museu municipal, quando era prefeito.

*Teria sido funcionário fantasma no Senado. De acordo com a campanha de Leprevost, em 1993, dez dias após assumir a prefeitura de Curitiba, aumentou o IPTU em 1.300% e a passagem de ônibus em 41%.
*Quando era ministro de Esporte e Turismo, em 1999, é acusado pelo Ministério Público Federal de envolvimento da máfia dos bingos.
*Em 2000, foi acusado de injetar recursos sem licitação no projeto da Nau Capitânea para a comemoração dos 500 anos do Brasil.
*Naquele mesmo ano, Greca é acusado de fazer repasses ilegais para seu Instituto Farol do Saber, que seriam para caixa 2.
*Em 2009, Greca, presidente da Cohapar, é investigado por gastos com banquetes em restaurantes caros de Curitiba e excesso de cargos comissionados com altos salários.

*Greca nega as acusações, diz que as investigações contra ele foram arquivadas e que o aumento de IPTU e da passagem haviam sido decididos por seu antecessor.

*Momento mais constrangedor da campanha: Quando disse que vomitou ao sentir o cheiro de um pobre que carregou em seu carro.

Após eleito

Como seria a base na Câmara Municipal

Os partidos que compõem a coligação de Greca elegeram 12 vereadores. As siglas que apoiam o candidato no segundo turno conquistaram mais 3 cadeiras, totalizando uma base de 15 vereadores.

Ainda é insuficiente para garantir a maioria na Casa, que tem 38 cadeiras. Mas, historicamente, os prefeitos de Curitiba, mesmo sendo eleitos sem maioria no Legislativo municipal, conseguem montar uma base sólida.
Como seria a relação com o governo do Paraná

Em princípio, será boa – o que pode garantir apoio, verbas e obras para a prefeitura. Greca, afinal, é o candidato oficial do governador Beto Richa.
Como seria a relação com o governo federal

A principal ponte de Greca com a gestão Temer tende a ser o PSDB – partido que compõe a coalizão governista em Brasília e que estará na prefeitura caso ele se eleja. O governador Beto Richa, maior expoente dos tucanos no Paraná, tem tido as portas abertas no Planalto.