Eles não querem mudanças!

Proposta de lista fechada de votação é uma das que sofrem mais resistências

Uma das propostas que encontra mais resistência à mesa de discussões da reforma política na Câmara é a lista fechada de votação, pré-ordenada com alternância de gênero. Seria a redenção da representação feminina no Congresso Nacional, onde dos 513 deputados federais, apenas são mulheres e dos 81 senadores, doze são mulheres. Entre a população, entretanto, as mulheres são 51%, comparou o senador Aníbal Diniz (PT-AC), integrante da Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

Um dos participantes da audiência pública sobre a reforma política, realizada nesta sexta-feira, no plenário da Assembleia Legislativa, Diniz avaliou que há mínimas chances de a proposta ser aprovada, mas seria uma “covardia” se os atuais parlamentares com mandato não se mobilizarem para tentar incluir a nova regra na reforma.

“A sociedade brasileira tem uma dívida histórica com as mulheres. Cada parlamentar do sexo masculino tem que ser constrangido a dizer publicamente se é a favor ou contra a lista pré-ordenada”, disse Diniz.  Ele  citou que, na América Latina, o Brasil tem o segundo pior desempenho no quesito representação feminina no parlamente.

“Só ganha do Paraguai. Só o Paraguai tem menos mulher no Parlamento, proporcionalmente, do que no Brasil. E com as regras atuais dificilmente vamos mudar essa realidade”, comentou.

Otimismo

O senador se diz um “otimista” por natureza e por isso, acredita que, apesar dos conflitos de interesses e opiniões, será possível fazer a reforma política. “Há uma unanimidade sobre a necessidade de termos processos eleitorais mais transparentes”, afirmou o senador. Ele destacou que, desde 1982, quando foi retomada a eleição para governos e prefeituras, e desde 1989, ano da primeira eleição direta para presidente da República, depois da ditadura militar, todas as eleições foram realizadas com regras diferentes.

Paralela à discussão sobre a lista pré-ordenada, o Senado também discute a apresentação de um projeto de lei reservando 30% das vagas para as representantes das mulheres, informou a senadora Gleisi Hoffmann (PT).  Ela defendeu que um dos focos da reforma seja justamente a proposta da lista pré-ordenada. “Metade da população está sub-representada no Congresso Nacional”, criticou.