Prefeitos receberam R$ 19 milhões para campanha após eleição

Dos 26 prefeitos eleitos em outubro, 20 receberam, ao todo, R$ 19 milhões
após a eleição em doações de pessoas físicas e jurídicas ou dos comitês
partidários. A quantia representa 16,3% dos R$ 117 milhões arrecadados pelos
candidatos vitoriosos nessas cidades durante a campanha. Caso não recebesse
a injeção financeira após a disputa das urnas, parte deles corria o risco de
não poder ser diplomada e tomar posse por conta das restrições da Justiça
eleitoral.

Em números absolutos, quem mais levantou recursos após a eleição foi o novo
prefeito de Belo Horizonte (MG), Márcio Lacerda (PSB). Eleito em coligação
com o PT e com o apoio informal do PSDB, o ex-secretário de Desenvolvimento
Econômico de Minas Gerais recebeu R$ 6.054.093,38 após derrotar o deputado
Leonardo Quintão (PMDB-MG) no segundo turno.

A maior doação que Lacerda recebeu foi de R$ 500 mil, feita pelo diretório
nacional do PSB. Com isso, ele subiu sua arrecadação para R$ 17.545.331,61,
um aumento de 34,5%.

Dos 15 que saíram vitoriosos já no primeiro turno, somente cinco não
registraram doações depois de 5 de outubro. São eles os prefeitos reeleitos:
Raimundo Angelim (PT), de Rio Branco (AC); Roberto Sobrinho (PT), de Porto
Velho (RO); Ricardo Coutinho (PSB), de João Pessoa (PB); Cícero Almeida
(PP), de Maceió (AL), e Luizziane Lins (PT), de Fortaleza (CE).

Já dos 11 candidatos que tiveram que enfrentar mais três semanas de campanha
e um novo turno de eleição, somente Duciomar Costa (PTB), reeleito em Belém,
não precisou de novos aportes financeiros após 26 de outubro.

Os que passaram pelo segundo turno, por sinal, são responsáveis por mais da
metade do volume arrecadado pós-eleição. Eles conseguiram R$ 11.059.787,07
para zerar suas campanhas, enquanto os 11 vencedores de 5 de outubro
precisaram levantar R$ 8.039.053,15 para ajustar as contas.

Para o cientista político David Fleischer, o elevado percentual de doação
após as eleições reflete um doador que quer fazer uma “contribuição de baixo
risco”. “Ele não investe sem ter a garantia de que o candidato está eleito.
E também é muito bem-vinda para o candidato, que vai saudar as dívidas”,
afirmou o professor da Universidade de Brasília (UnB).