Ofensiva cibernética

Polícia Federal já investiga os ataques de hackers a sites oficiais

A Polícia Federal (PF) está investigando os ataques de hackers que estão atingindo diversos sites do governo federal e de instituições ligadas à União. A onda de invasões começou na última quarta-feira e já afetou os sites da Presidência da República, Receita Federal, Petrobras e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Até agora, no entanto, nenhuma informação foi divulgada pela PF.

No início da tarde de hoje, o site da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) também saiu do ar, mas a assessoria de imprensa do órgão disse que a interrupção ocorreu por causa de uma manutenção preventiva e negou ataque virtual.

Na Presidência da República, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) está estudando os ataques, mas nenhuma medida adicional de segurança foi adotada. Oficialmente, entretanto, o Palácio do Planalto não fala sobre o assunto. A interpretação na Presidência é de que a intenção dos hackers é apenas chamar a atenção. Por isso, a determinação é não dar mais publicidade que o necessário para os ataques.

A PF vai tentar identificar os responsáveis por derrubar os sites e pela divulgação ontem de supostos dados como números de CPF e PIS, data de nascimento, telefones e e-mails pessoais da presidente Dilma Rousseff e do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Segundo analistas, dados oficiais do governo podem ter sido comprometidos com os recentes ataques virtuais às páginas de órgãos da União esta semana, na avaliação do analista de segurança da Arcon, empresa especializada em serviços de segurança da informação, Luiz Improta. Para o especialista, hackers podem ter tido acesso a bancos de dados oficiais, além de deixarem fora do ar os portais.

Esta semana, dois diferentes grupos atacaram os portais da Presidência da República; do Senado, do Ministério do Esporte, da Receita Federal, da Petrobras, e do IBGE. O especialista em segurança admitiu que uma prática comum de ataque dos hackers a portais na internet é redirecionar as páginas hackeadas para outro domínio. Esta manhã, durante o ataque a página do IBGE, ainda fora do ar, o instituto informou por meio de sua assessoria que o banco de informações da entidade não foi afetado.

“Pode ter sido isso que aconteceu hoje de manhã, na página do IBGE, sem que isso tenha conduzido a acesso a informações de dentro do IBGE. Mas não podemos ter certeza se eles realmente não conseguiram entrar no banco de dados do instituto”, disse.

Improta considerou ainda que, entre portais ligados ao governo invadidos por hackers esta semana, existem diferentes níveis de segurança, uns mais fortes do que os outros. “Provavelmente, eles não conseguiram acessar os dados da Receita Federal, por que eles têm mecanismo de fiscalização a acesso muito mais rígido”, completou.

Para inibir novos ataques virtuais às páginas do governo, o analista defendeu aprovação de leis mais rígidas contra crimes na área da informática, além de uma varredura de vulnerabilidades nas estações usadas por pessoas que trabalham em órgãos do governo. Na análise dele, o avanço das redes sociais na internet colaborou para a sucessão de ataques virtuais às páginas do governo na web. Com o advento das redes sociais, os hackers têm possibilidade de mapear perfis sociais de pessoas que trabalham dentro de órgãos do governo. “O elo mais fraco de tudo isso são as pessoas, e as redes sociais facilitam acesso a elas”, resumiu.