Pessuti acha que tucanos e PMDB podem ficar juntos

O vice-governador Orlando Pessuti (PMDB) disse ontem que se for eleito para o Tribunal de Contas ficarão alargados os caminhos para o governador Roberto Requião (PMDB) fechar uma aliança com o PSDB. Inscrito na semana passada para o cargo de conselheiro do TC, Pessuti afirmou que a construção desse acordo vem sendo trabalhada há algum tempo e que consiste na indicação do presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB), para ocupar a vaga de candidato a vice-governador.  

Segundo Pessuti, essa aliança pode se transformar em uma realidade se o Supremo Tribunal Federal confirmar o fim da verticalização, a regra que já caiu em votação no Congresso Nacional e que obrigava os partidos a reproduzirem nos estados as alianças feitas para a sucessão presidencial. Entretanto, há dúvidas sobre a legalidade da decisão do Congresso. "Existe uma parcela significativa do PSDB, liderada pelo Hermas Brandão, que defende essa composição. Se minha ida para o tribunal se consolidar, abre-se um clima amplo e favorável para que as negociações continuem", disse o vice-governador.

Pessuti reconheceu que sua indicação para o TC também está relacionada a essa possibilidade de amarrações de apoios à chapa da reeleição do governador Roberto Requião. "Num primeiro momento, o governador me disse que o meu nome era a candidatura que poderia vencer na Assembléia Legislativa e que era importante para o nosso grupo ocupar esse espaço. Mas que também estava se abrindo a perspectiva de uma negociação mais ampla com outros partidos", afirmou o vice-governador.

Conversas que não se restringem ao PSDB, mas que incluem também o PTB e outros partidos menores, como o PV, PC do B e PP.

Pessuti afirmou que está encarando a indicação de conselheiro como mais uma das missões que lhe foram delegadas pelo PMDB e seu grupo político. E lembrou que foi assim quando trocou uma reeleição certa de deputado estadual em 2002 pela candidatura a vice-governador na chapa de Requião. Naquele momento, o PMDB não dispunha de nenhum aliado de peso, o favorito para o governo era o senador Alvaro Dias e aceitar a vice era uma empreitada arriscada. Pessuti foi para o sacrifício – era assim que os deputados peemedebistas se referiam à escolha do candidato a vice – e eleito, esperava concorrer à reeleição ou ao Senado, desta vez, em condições bem melhores que em 2004. Mas a abertura da vaga no TC, com a morte do conselheiro Quielse Crisóstomo, acabou afetando o destino do vice.

Vazio

Se um amplo setor do PMDB considera uma jogada de mestre de Requião a ida de Pessuti para o TC, ao ampliar o espaço de negociação para alianças eleitorais com outras siglas, há também alguns grupos preocupados com o espaço vazio que o vice-governador deixa na chapa peemedebista.

Na avaliação de alguns peemedebistas, o vice-governador e secretário da Agricultura tem um peso eleitoral considerável na área rural, sobretudo entre pequenos e médios produtores agrícolas, que pode fazer falta ao partido na eleição de outubro. Pessuti tem domínio sobre uma área onde outros partidos tentam avançar. Sua experiência na Secretaria da Agricultura e seu trabalho parlamentar – ele sempre participou da Comissão de Agricultura da Assembléia Legislativa – proporcionaram ao vice-governador livre trânsito entre pequenos e médios produtores rurais, uma fatia do eleitorado que nunca é desprezada na sucessão estadual. 

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