O ex-secretário de Assuntos Estratégicos do Paraná Edson Casagrande se entregou no fim da tarde desta quinta-feira (13), dois dias depois dos policiais e agentes do Grupo Especial de Combate à Corrupção e Crime Organizado (Gaeco) cumprirem os mandados de prisão expedidos pelo juiz Fernando Fischer, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, na Operação Rádio Patrulha. O empresário Joel Malucelli segue foragido na Itália – é o único da lista ainda não encontrado pelas autoridades. Todos os envolvidos negam as acusações.

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Casagrande chegou ao Gaeco às 17h40 em um Hyundai Santa Fé, acompanhado de seus advogados, de onde seguiria para o Complexo Médico Penal (CMP). Os mandados de prisão temporária (duração de cinco dias) constam no mesmo pedido que levou à prisão o ex-governador Beto Richa (PSDB), a ex-secretária de Desenvolvimento Social Fernanda Richa (PSDB), mulher dele, e Pepe Richa (PSDB), irmão do ex-governador e ex-secretário de Infraestrutura e Logística. Os três estão presos no Regimento da Polícia Militar e outros quatro investigados estão no Complexo Médico Penal, em Pinhais, para onde Casagrande deve ser levado.

As suspeitas do Gaeco recaem sobre o programa Patrulha do Campo, que licitou R$ 67,3 milhões em aluguel de equipamentos para manutenção de trechos dos 99,4 mil quilômetros de estradas rurais do Paraná. O esquema alcançou mais de R$ 70 milhões, segundo os promotores. O suposto esquema foi revelado pelo ex-deputado estadual Tony Garcia, que fechou delação premiada em âmbito estadual com anuência dos procuradores do Ministério Público Federal.

As prisões cumpridas na terça-feira (11) vencem às 23h59 de sábado (15). As demais começam a contar a partir do momento da prisão.

Depoimentos

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Foram ouvidos nesta quinta o empresário Celso Frare (da Ouro Verde), Ezequias Moreira (ex-secretário de Cerimonial), Dirceu Pupo (contador da família Richa), Aldair Petry (ex-funcionário do DER), André Vieira Richa (filho do casal), Pepe Richa (irmão do ex-governador) e Bruno Sarmento Cubas (empresário ligado a Cotrans). Os dois últimos estão soltos.

Fernanda Richa e Beto Richa devem ser ouvidos na manhã desta sexta-feira (14).

Outro lado

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Beto Richa mandou uma nota para a imprensa nesta quarta. “Enfrento com serenidade e confiança qualquer acusação, mas devo dizer que eu e minha família estamos sofrendo muito com o julgamento antecipado que nos está sendo imposto. Sou um homem público há mais de duas décadas, com a mesma honradez. Tenho a consciência em paz e sei que, no devido tempo, a verdade sempre se impõe. Garanto a você, que me conhece e para quem exerço com responsabilidade a vocação que Deus me deu: nada devo e sigo confiando na justiça”.

De acordo com a defesa de Fernanda Richa, a prisão dela é juridicamente insustentável “na medida em que a paciente, a todo tempo, dispôs-se a colaborar e colaborou com efetividade em todas as investigações promovidas pelo Ministério Público do Estado do Paraná, inclusive abrindo mão de seu sigilo bancário, como, por exemplo, observa-se recentemente na Operação Quadro Negro”.

Ao portal G1, a defesa de Pepe Richa informou que só vai se manifestar nos autos.

Por meio de nota, a assessoria de Joel Malucelli informou que: “O empresário Joel Malucelli antecipou seu retorno ao Brasil, previsto para dia 24 de setembro, e prestará todos os esclarecimentos às autoridades do Paraná.Joel Malucelli está fora do país e confiante de que irá provar que as acusações são improcedentes. O empresário nega ter cometido qualquer irregularidade e sempre esteve à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.Em 2012, Malucelli se desligou das atividades e rotinas da empresa fundada por ele e se encontra na presente data em férias”. Disse ainda que o juiz já foi avisado pelos advogados do empresário da antecipação do retorno dele ao país.

Já a J. Malucelli Equipamentos negou a participação em qualquer irregularidade e informa que “não firmou qualquer contrato com o Governo do Paraná relacionado às Patrulhas Rurais”.

A reportagem ligou para o escritório do advogado de Ezequias Moreira, mas não conseguiu contato direto com o profissional. Uma pessoa da equipe do escritório avisou que entraria em contato com o advogado, mas a reportagem ainda não teve retorno.

A Ouro verde informou que “prestou serviços de locação de máquinas e equipamentos pesados ao Estado do Paraná durante o período de abril de 2013 a julho de 2015 após se sagrar vencedora em processo licitatório público e que cumpriu todas as suas obrigações legais no âmbito de tal contratação, inclusive havendo atualmente cobrança judicial contra o Estado por valores não pagos, apesar dos serviços prestados”. A empresa ressalta que em 45 anos de história “jamais se envolveu e nega qualquer envolvimento com relação a qualquer ato ilícito, e tem plena convicção de que demonstrará isso de forma cabal às autoridades competentes”. Informou ainda, nesta quinta-feira, que Celso Frare “renunciou ao cargo no Conselho de Administração da companhia.”

O advogado Juliano Clivatti, que representa a Cotrans, disse que a empresa não foi alvo de nenhum dos mandados de busca nem das prisões cumpridas pela operação. “Ficamos sabendo das informações pela imprensa e não tivemos acesso ao processo. A partir de que tenhamos [acesso], vamos avaliar qual será a linha adotada”, disse. “A Cotrans prestou um serviço de locação de máquinas ao governo do Paraná, após ter se sagrado vencedora em procedimento licitatório. Não há nada de anormal.

A reportagem tenta contato com os demais envolvidos.

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