Lula, Requião e Vanhoni se reúnem em Curitiba

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) almoçou ontem com o governador Roberto Requião (PMDB) e o candidato a prefeito de Curitiba, deputado estadual Angelo Vanhoni na Granja do Cangüiri.

Foi o primeiro compromisso do presidente em Curitiba, onde chegou pouco depois das 13 horas de ontem. O presidente ficou hospedado no Hotel Bourbon e embarcaria no início da manhã de hoje para Brasília. O almoço com o presidente reuniu deputados estaduais e federais do PMDB, PTB e vários secretários do governo. O presidente dividiu a mesa do almoço com Vanhoni, Requião, o vice-governador Orlando Pessuti, o presidente da Itaipu, Jorge Samek, o presidente da Copel, Paulo Pimentel e o secretário da Casa Civil, Caíto Quintana.

O cardápio servido ao presidente foi barreado, um prato típico do litoral do Paraná. Como sobremesa, as opções foram doce de leite, cocada e doce de abóbora. Lula chegou atrasado, mas antes de almoçar deu uma volta pelo quintal da chácara, onde o governador mostrou ao presidente sua criação de avestruzes. O almoço durou mais de uma hora, mas o presidente não circulou entre as mesas. Somente no final do almoço, o presidente se aproximou dos demais convidados e acabou posando para fotografias com deputados, vereadores do PT e PMDB e funcionários da cozinha da granja.

Lula veio a Curitiba para participar da inauguração do Laboratório Central do Estado (Lacen). No novo prédio, o presidente foi recebido por militantes do PT, mas não fez nenhum discurso, ao contrário do que aconteceu em Londrina, há pouco mais de uma semana, quando os adversários tentaram de todas as formas caracterizar sua participação na inauguração de um centro odontológico como um ato irregular, de cunho eleitoral. Nem mesmo o governador Roberto Requião discursou na solenidade no Laboratório, em Curitiba.

As conversas entre o governador e o presidente foram reservadas. Após o encerramento da solenidade no Lacen, Requião acompanhou Lula ao hotel, onde os dois se reuniram novamente. No hotel, Lula gravou um depoimento para o programa de candidato da coligação “Tá na Hora, Curitiba” à prefeitura.

Cabo eleitoral

Conforme a assessoria de Vanhoni, o presidente voltou a dizer que a vitória do petista em Curitiba é uma prioridade para a direção nacional do PT. Para o candidato, o reforço presidencial em sua campanha será decisivo.

“O apoio do presidente Lula será decisivo nesta reta final da campanha. Afinal de contas, o Brasil vive um bom momento: a economia cresce, a indústria aumenta sua produção e o país está gerando empregos. Com responsabilidade, o governo Lula está superando os problemas deixados por FHC e seu partido, o PSDB. Lula colocou o Brasil novamente nos trilhos do desenvolvimento”, avalia.

A assessoria de Vanhoni divulgou nota relembrando que Lula foi bem votado em Curitiba nas eleições de 2002. De acordo com a assessoria, no segundo turno das eleições presidenciais, 64,7% dos curitibanos votaram em Lula, contra 35,5% de votos dados ao adversário José Serra (PSDB).

Vanhoni repetiu o argumento que tem usado em campanha sobre as vantagens de ter o aval do presidente da República e do governador do Estado. Segundo o petista, o duplo apoio representa a garantia de acesso da cidade aos cofres federal e estadual. “Vamos trabalhar juntos, em sintonia. É importante que Curitiba tenha um prefeito com portas abertas junto aos governos estadual e federal. A cidade só tem a ganhar com isso”, comentou.

Advogados pedem TRF

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, ontem, uma carta pedindo que seja retomada a discussão sobre a criação do Tribunal Regional Federal (TRF) da 6.ª Região, com sede em Curitiba. Uma reivindicação antiga de entidades paranaenses, o TRF da 6.ª Região teria jurisdição nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

A carta foi entregue na sede da Associação Comercial do Paraná, em Curitiba, onde o presidente fez uma palestra a empresários. O pedido é assinado pelo presidente da Comissão de Apoio à Criação do TRF no Estado do Paraná, José Hipólito Xavier da Silva, da OAB-PR, pelo governador Roberto Requião, pelo presidente da Associação Comercial do Paraná, Cláudio Gomes Slaviero, e pelo presidente do Movimento Pró-Paraná, Francisco Cunha Pereira Filho.

Os representantes das entidades que assinam o documento pediram a ajuda do presidente para que o projeto de criação do TRF da 6.ª Região seja votado e aprovado pela Câmara Federal.

Na Assembléia, polêmica

Numa sessão esvaziada, pela presença maciça dos deputados da base aliada nas solenidades que trouxeram a Curitiba o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o tema principal das discussões foi justamente a visita presidencial. A oposição criticou, afirmando que a inauguração do Laboratório Central do Estado – Lacen – foi um mero pretexto para deslocar o aparato do cargo em favor do candidato do PT à Prefeitura de Curitiba.

Tanto o deputado Valdir Rossoni (PSDB) quanto o líder da oposição, deputado Durval Amaral (PFL) reconheceram o direito do presidente posicionar-se políticamente na campanha eleitoral, mas afirmaram que isso deve acontecer fora do exercício da função, excluindo totalmente inaugurações de obras públicas. Rossoni disse, na tribuna, esperar que o governador Roberto Requião (PMDB) aproveitasse o almoço com o presidente na Granja do Cangüiri para reivindicar a liberação de recursos para o Estado que “embora seja um dos grandes aliados do governo federal, vem sendo sistematicamente discriminado pelo Palácio do Planalto”.

O tucano disse também que a nova sede do Lacen não está concluída nem equipada, e que só deve começar a funcionar no ano que vem. Para Amaral, o presidente devia se licenciar do cargo se deseja se dedicar à campanha: “O PT tem um grande cabo eleitoral, mas o Brasil não tem um grande presidente”, acrescentou, lembrando que “o Paraná sempre deu exemplo de democracia e dignidade política. Lembro do então governador José Richa, pai do atual prefeito Beto Richa, que se licenciou do cargo de governador para apoiar Roberto Requião na disputa eleitoral para a prefeitura de Curitiba”.

O deputado Fernando Ribas Carli (PP) ajuntou que “o presidente Lula, nas duas oportunidades em que esteve no Paraná, em Londrina e em Curitiba, veio inaugurar obras já realizadas ou inacabadas. Isso que eles já estão há dois anos no poder”.

Defesa

A defesa dos governos estadual e federal foi feita pelo 1.º secretário da Casa, deputado Nereu Moura (PMDB). Ele afirmou que o equipamento do laboratório será transferido paulatinamente para a nova sede, porque suas características assim o exigem e que, depois de montado, o Lacen será um dos mais modernos do país em seu gênero. Disse que o presidente é um ente político e, como tal, pode participar de campanhas eleitorais.

“Isso sempre aconteceu e é natural.” Finalmente, rebateu as críticas feitas pela oposição à compra de um avião pelo governo do Estado, ao preço de R$ 5 milhões: ” É muito menos do que o governo anterior gastou com aluguel de aeronaves, sem contar que o avião passa a integrar o patrimônio do Estado”, destacou Moura. (Sandra Cantarin Pacheco)

Caíto articula encontro

O secretário da Casa Civil, Caíto Quintana, articulava ontem a realização de uma reunião com a bancada aliada ao governo na Assembléia Legislativa, para discutir a campanha eleitoral em Curitiba. Empenhado na eleição do deputado estadual Angelo Vanhoni (PT) para a prefeitura da capital, o governador Roberto Requião (PMDB) pretende mobilizar sua base de sustentação na fase final da campanha.

Quintana pretende reunir os deputados estaduais para um jantar, hoje, em sua casa. “Vamos conversar e convocar a todos para que participem da campanha”, afirmou o secretário da Casa Civil, que tem um desafio pela frente. Ele pretendia levar ao jantar os deputados peemedebistas Rafael Greca e Dobrandino da Silva. O primeiro, apesar de ter base eleitoral em Curitiba, não participou em nenhum momento da campanha e não perde a oportunidade de fazer críticas ao PT, ao governo Lula e à candidatura de Vanhoni. Já Dobrandino é o presidente estadual do PMDB e também fez ataques diretos ao PT e a Vanhoni.

Dobrandino e Greca são as seqüelas visíveis do processo eleitoral deste ano, gerado pela aliança PMDB-PT. Greca se sentiu preterido no partido, por não ter sido indicado candidato a prefeito. Ele e o deputado federal Gustavo Fruet perderam a convenção para o grupo que apoiou a aliança com o PT. Desde então, Greca tem criticado o acordo eleitoral em Curitiba e após o primeiro turno, ironizou o desempenho do PMDB nas eleições. Já Dobrandino se ressentiu da derrota do seu filho, Samis da Silva, atual prefeito de Foz do Iguaçu, que tentava a reeleição. O deputado peemedebista acusou o PT de ter se juntado aos adversários do PMDB em Foz.

Além de tentar envolver os peemedebistas na campanha de Vanhoni, o secretário da Casa Civil também está encorajando a criação de comitês de apoio ao petista nas secretarias. (EC)

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