José Múcio faz política com emendas e bolo-de-rolo

Com um bolo-de-rolo na mão e a bandeira de Pernambuco no gabinete, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB-PE), recebeu nada menos do que 150 deputados e senadores de terça a quinta-feira, véspera do prazo fatal para os políticos emplacarem suas emendas ao Orçamento. Desde que o Senado rejeitou a CPMF, há 11 dias, parlamentares engrossaram a romaria diante da sala de Múcio, no 4º andar do Planalto. Para adoçar a boca dos antigos colegas, o ministro não teve dúvida: recorreu à irresistível sobremesa de sua terra.

?O bolo-de-rolo é o prato típico desse ministério porque aqui só tem rolo?, afirmou Múcio, deliciando-se com a iguaria, um tipo de rocambole com recheio de goiabada que já tirou muito político da dieta. Na quarta-feira, entre um pedido de cargo aqui e uma cobrança para liberação de emenda ali, ele foi logo apresentando a guloseima, espécie de sossega-leão, especialmente ?importada? da Casa dos Frios, no Recife, por R$ 22,50 o quilo. Só depois dessa etapa adocicada avisou os interlocutores de que os postos vagos vinculados ao Ministério de Minas e Energia serão preenchidos apenas em janeiro.

Empanturrados, os chorões não tiveram mais coragem de reclamar. Foi o deputado Sílvio Costa (PMN-PE) que sugeriu a Múcio a estratégia. ?Você diz assim: ?Posso não resolver o seu rolo, mas lhe ofereço um pedaço de bolo??, recomendou Costa. Funcionou.

Há apenas um mês no cargo, Múcio substituiu Walfrido Mares Guia, que deixou o governo em novembro após ser denunciado pelo Ministério Público no mensalão tucano. Impressionado com sua agenda superlotada, o novo ministro, um deputado licenciado, é conhecido por não perder a piada. Além de adotar o bolo-de-rolo no Planalto, tem na ponta da língua uma resposta a quem lhe deseja ?boa sorte? naquela cadeira, pela qual já passaram cinco ocupantes. ?Preciso de orações?, devolve. ?Aqui tem o grupo dos ressentidos e dos contemplados e o desafio é não deixar que os ressentidos se juntem à oposição.

Nos últimos dias deste mês, a correria por uma audiência com Múcio cresceu na mesma proporção do desespero parlamentar. Apavorados com a perspectiva de tesourada nos gastos em 2008 – anunciada após a derrota do governo na votação da CPMF -, deputados e senadores queriam a todo custo garantir seu quinhão com a liberação prévia de verba para emendas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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