Gustavo diz que Vanhoni força aliança

O deputado federal Gustavo Fruet, que postula a candidatura a prefeito de Curitiba pelo PMDB, acusou ontem o deputado estadual Angelo Vanhoni e o PT de forçarem uma aliança precoce com o PMDB para a sucessão municipal e desrespeitar o setor do partido que trabalha por uma candidatura própria.

“Estão agindo como um moleque, que faz a molecagem e depois se esconde atrás do Doático (presidente do diretório municipal)”, atacou Gustavo. O deputado peemedebista disse que considera o comportamento de Vanhoni e do PT “hostil” e que o almoço convocado por Doático para amanhã, em Curitiba, onde será assinado um termo de compromisso selando a aliança entre os dois partidos, é uma manifestação de desconsideração com uma parcela do PMDB. “O PT está conduzindo mal esse processo. O Vanhoni está conduzindo mal isso e eu o estou chamando para o debate. Isto porque eles estão passando por cima de um setor do partido, que nunca se colocou contra o PT e que está apenas usando a sua prerrogativa de trabalhar um projeto próprio no partido”, disse.

Gustavo disse ainda que Vanhoni pode até conseguir se consolidar como o candidato único da oposição no primeiro turno. Mas há riscos nesta estratégia. “Ele pode ser o candidato da oposição e ficar em primeiro lugar no primeiro turno. Mas será o candidato vencido no segundo turno”, afirmou o deputado. Gustavo fundamenta sua afirmação na estratégia do grupo do prefeito Cassio Taniguchi (PFL). “O grupo do prefeito se distribuiu em quatro candidaturas. A do Beto Richa, do Osmar Bertoldi, do Mauro Moraes e do Luciano Ducci. Do jeito que o PT está se posicionando, vai permitir que todos eles se reagrupem no segundo turno”, avaliou.

Segundo Gustavo, a falta de habilidade de Vanhoni é demonstrada pelo fato de ele não esperar por um desfecho da disputa interna do PMDB, que se dará na convenção municipal do partido, em junho. “Quando não se espera uma definição interna é porque há uma tentativa de impor a coligação. Todo o processo majoritário não se alcança sem dor ou alguma dificuldade. Isso nós entendemos. Mas o que não se pode é uma ingerência de fora para dentro”, disse o deputado peemedebista.

Sem retorno

O Estado procurou ouvir ontem o deputado estadual Angelo Vanhoni sobre as declarações de Gustavo, mas ele não respondeu ao pedido de entrevista. Sua assessoria informou que ele não foi localizado.

“O PT levará uma surra”

 São Paulo – Reforçando as críticas que vêm sendo feitas por adversários do PT em todos os estados, o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a receber duras críticas ontem de uma das principais lideranças da oposição. O professor da Faculdade de Direito de Harvard Roberto Mangabeira Unger disse que o PT vai levar uma surra nas eleições municipais deste ano. Para Mangabeira, a eleição municipal será a oportunidade para “o povo dar o recado ao governo que o traiu”. “A tendência é o povo virar as costas para esse governo, que abandonou a pretensão de respeitar a vontade expressa nas eleições de 2002”, afirma.

A “surra” que, segundo Mangabeira, o governo vai levar, pode também fazer o governo pensar num ajuste na política econômica. O problema, para ele, é que “o único projeto que tem é o de cortejar o sistema financeiro”. “Essa é a realidade de um governo sem projeto se não o projeto de agarrar-se ao poder”, diz. “A população vai ter a sua vez de dar o recado”.

Mangabeira comentou a reversão do humor do mercado com relação aos títulos brasileiros. “O governo deu aos mercados tudo o que eles queriam. Houve uma manada de otimismo de curto prazo. Os investidores esperando naquele jogo tradicional que teriam ganhos astronômicos antes da casa cair. Os títulos brasileiros tiveram valor de mercado perto do valor de face. Mas o endividamento do Estado não está resolvido e piora mês a mês e o Estado paga menos da metade dos juros. O resto é capitalizado. O mercado percebe que essa dívida é impagável”, afirma.

Há, na visão do professor, dois fatores internacionais que podem tornar os investimentos menos atraentes. O primeiro é a perspectiva de alta nos juros americanos, o que “torna os mercados emergentes menos atraentes”.

Depois, há “confusão” na China. “A situação chinesa, por combinação de fatores, é frágil. É um crescimento febril com pilares podres. O sistema bancário está endividado. Quando o crescimento for freado, vai haver uma reação em cadeia, que nos afeta do lado da compra de produtos brasileiros e do impacto no estado de espírito dos mercados”, diz.

Cúpula interpela deputados

A direção municipal do PMDB anunciou ontem que irá interpelar judicialmente o deputado federal Gustavo Fruet e o deputado estadual Rafael Greca devido às declarações sobre o acordo eleitoral PT-PMDB que os dois fizeram em entrevista à rádio CBN. A direção do partido pretende que os dois deputados que lideram o grupo em defesa da candidatura própria à prefeitura de Curitiba expliquem seus comentários considerados ofensivos ao partido.

Greca classificou como uma “galinhada” o encontro de amanhã do PMDB com o PT e sugeriu que a Usina de Itaipu iria patrocinar o evento, ao afirmar que “o almoço está sendo preparado com a energia de Itaipu”. Já Gustavo ameaçou “implodir o partido”, segundo o presidente municipal do PMDB, Doático Santos.

Além da medida judicial, os dirigentes peemedebistas também vão encaminhar denúncias contra os dois ex-correligionários à Comissão de Ética municipal. Os dois serão acusados de falta de decoro partidário.

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