Governistas barram convocação de Dantas

O governo passou ontem o seu rolo compressor sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos. Por um placar apertado, 6 votos a 5, impediu a convocação do banqueiro Daniel Dantas. Mas, de forma bem mais elástica, vetou por 8 votos a 5 o depoimento de Jorge Mattoso, ex-presidente da Caixa Econômica Federal envolvido no caso da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, responsável pela queda do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci.

Os senadores Romeu Tuma (PFL-SP) e Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM) queriam levar Dantas à CPI para que ele confirmasse se encomendou ou não um dossiê divulgado pela imprensa que mostra supostas contas de autoridades federais no exterior, entre elas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A oposição queria, ainda, aprovar a convocação para que Dantas falasse sobre a suposta chantagem que teria sofrido do PT em troca de R$ 40 milhões.

Ainda ontem a oposição decidiu recolher assinaturas para convocar Daniel Dantas e representantes do Citigroup (que trava uma briga com Dantas na Justiça de Nova York) à Comissão de Constituição e Justiça. A iniciativa é do senador Heráclito Fortes (PFL-PI).

Depois de derrubar a convocação de Dantas e de Mattoso, e numa unidade poucas vezes vista na CPI dos Bingos, os governistas derrotaram por 9 a 4 o requerimento de convocação do secretário de Defesa Econômica do Ministério da Justiça, Daniel Goldberg, que deveria também falar sobre a violação do sigilo de Francenildo – que em entrevista em março desmentiu Palocci, ao afirmar tê-lo visto várias vezes na casa alugada por seus assessores na Prefeitura de Ribeirão Preto. Nessa casa, disse Francenildo, havia repartição de dinheiro e festinhas com garotas de programas.

Na certeza de que continuariam levando surras seguidas, os partidos de oposição desistiram da convocação de Cláudio Alencar, chefe de gabinete do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Alencar também teria informações sobre a violação do sigilo de Francenildo, pois o então ministro Antônio Palocci o chamou à sua residência, junto com Goldberg, para fazer consultas sobre formas de descobrir se o caseiro estava recebendo dinheiro para o acusar.

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