Aliança

Gleisi pede coerência entre PMDB e PDT

A presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, apesar de ter ficado satisfeita com o resultado da reunião que o partido teve com o PMDB na última segunda-feira, disse que não entende como alas do PMDB ainda cogitam aliança com o PSDB para a sucessão estadual.

Ontem, durante a reunião do diretório estadual do partido para a discussão do processo de eleições internas, Gleisi comentou o fato de os principais partidos com quem o PT mantém diálogo (PDT e PMDB) também manterem as portas abertas com o PSDB. “É ruim, é lamentável. Principalmente o PMDB, com quem sempre estivemos juntos. Isso (aliança com os tucanos) não combina com o PMDB do Paraná”, afirmou, também cobrando o PDT. “E o PDT está no governo federal. Tem que ter coerência”, lembrou.

O senador Osmar Dias, pré-candidato do PDT à sucessão estadual ainda espera que o PSDB o apoie no ano que vem, mantendo a aliança formada no segundo turno das eleições de 2006 e decisiva para a reeleição tranqüila de Beto Richa (PSDB) à prefeitura de Curitiba, no ano passado.

No PMDB, apesar de oficialmente o partido só falar na candidatura própria do vice-governador Orlando Pessuti, muitas lideranças, inclusive deputados e secretários de estado defendem uma coligação com o PSDB. Alguns dando preferência pelo nome do senador Alvaro Dias como candidato tucano.

Fábio Alexandre
Gleisi: “É lamentável”.

Gleisi lembrou que PT e PSDB, que devem polarizar as eleições presidenciais, representam duas formas antagônicas de se fazer política e que por isso seria estranho que os partidos cogitassem aliança com os dois projetos, sem definir uma posição. “Mas é momento de conversa e não é essa questão ideológica que está pautando essas conversas e sim as estratégias de alianças deles”, comentou.

A presidente do PT ainda atribuiu ao governador Roberto Requião (PMDB) o papel de coordenar a aliança dos partidos de esquerda no processo de sucessão. “É muita pretensão nossa querer ser o responsável por unir PMDB e PDT. Mas há a possibilidade de caminharmos juntos e o papel mais importante é o do governador. Cabe a ele essa coordenação. Ele tem a autoridade para cobrar o compromisso com as políticas públicas”, declarou.

Ciciro Back
Osmar: esperar para quê?

O secretário estadual de Planejamento, Ênio Verri (PT), também acredita na aliança com PDT e PMDB, alavancada pela candidatura da ministra Dilma Rousseff à presidência. “O PSDB é nosso adversário ideológico e será o grande adversário na disputa à Presidência da República e ao governo do Estado.A tendência é que fique bem claro esses dois palanques. E como PDT e PMDB já declararam apoio à ministra Dilma, é difícil que, aqui, eles fiquem do outro lado”, avaliou.

Sobre as conversas do PMDB com os tucanos, Verri disse ser “natural, da democracia, que se converse com todo mundo. Mas nossa relação com o PMDB é consolidada, está claro que caminharemos juntos. E eu, como deputado licenciado e secretário do governo Requião, me sentirei muito à vontade trabalhando para isso”, concluiu.

Partido discute sucessão interna no Paraná

No meio das conversas com os partidos que compõem a base do governo Lula e a discussão da política de alianças, o PT ainda passará por uma disputa interna. Está marcada para o dia 22 de novembro a eleição para a direção do partido. No Paraná, o campo majoritário lançará o secretário Ênio Verr,i para suceder Gleisi Hoffmann. Mas o deputado estadual Tadeu Veneri também lançou seu nome.

“A disputa interna é um excelente espaço para debate. Discutiremos a candidatura da Dilma, a política de alianças, o futuro do partido”, disse Gleisi. Candidato pelo campo majoritário, Verri disse que a missão do próximo presidente do PT será construir o palanque para Dilma. “Nosso projeto é a continuidade do projeto nacional. O terceiro mandato do presidente Lula é a eleição da ministra Dilma”. Além da eleição do ano que vem, Verri entende que o partido deve fortalecer os diretórios municipais para estruturar a base. Tadeu Veneri promete incomodar mais na disputa deste ano (ele enfrentou André Vargas, em 2005).

“Agora é um novo cenário. Não tem mais a euforia do primeiro mandato do Lula; seremos cobrados pelos erros e acertos de estarmos no governo Requião e teremos um candidato à presidência que não será o Lula”, avaliou. Veneri mantém a defesa da identidade do partido, mesmo no poder. “Temos que nos credenciar como partido de esquerda e mostrar que além do discurso, também somos diferentes na prática”, disse o deputado. (RP)