Ferropar causou prejuízos de R$ 420 milhões ao Paraná

O diretor administrativo,jurídico e financeiro da Ferroeste, Samuel Gomes, afirmou ontem que o mau gerenciamento da Ferropar na ferrovia entre Guarapuava e Cascavel já gerou prejuízos de R$ 420 milhões à economia do Paraná. O cálculo foi apresentado ontem pela diretoria da Ferroeste durante reunião da Escola de Governo.

"O Paraná tem há 10 anos uma ferrovia pronta, uma das melhores do Brasil, e que não vem sendo utilizada pela economia paranaense por causa de uma empresa privada que se apropriou dos seus trilhos sem ter pago ao Estado o que lhe deve", disse Samuel Gomes. Ele afirmou que o gerenciamento da Ferropar está com os dias contados.

Gomes garante que o Tribunal Regional Federal já autorizou a continuidade do processo de decretação da falência da empresa Ferropar, que gerencia os 248 quilômetros de ferrovia que liga o Centro-Sul ao Oeste do Estado. "Estamos lutando desde o início de 2003 e a última decisão da Justiça Federal liberou a tramitação da ação de falência que estava trancada na Justiça de Cascavel. Com a decretação da falência, automaticamente o contrato está extinto. E, com a extinção do contrato, a ferrovia volta definitivamente ao Governo do Paraná", explicou.

A Ferropar deve ser citada nos próximos dias pela Justiça na ação de falência e tem cinco dias para pagar ou apresentar defesa. "Certamente não vai pagar, mas apresentar defesa pedindo recuperação judicial. As informações que temos recebido da Justiça estadual de Cascavel são as melhores possíveis. Se a Justiça federal foi sensível com a Ferroeste e com o Paraná, muito mais sensível será a magistratura do Estado e ainda mais decidindo lá em Cascavel, onde pulsa o coração da Ferroeste", previu Samuel.

Os R$ 420 milhões de prejuízos que já foram causados ao Paraná dividem-se em R$ 50 milhões (referentes às parcelas que deveriam ser quitadas trimestralmente a partir do início de 2000, incluindo o diferimento dado pelo governo Lerner no ano 2000, e que nunca foram pagas) e mais R$ 370 milhões em prejuízos aos produtores do Oeste do Paraná.

"Como a ferrovia não está sendo utilizada, os produtores estão tendo que transportar por caminhões, pagando frete e pedágio. Esses valores chegam a R$ 370 milhões, sendo R$ 140 milhões somente de pedágio", destacou Gomes. "A Ferropar, além de todos os males que tem causado ao Paraná, é o sóciooculto do pedágio rodoviário", completou.

A atuação das agências reguladoras foram motivo de críticas pelo governador Roberto Requião e pela diretoria da Ferroeste. No caso da Ferroeste, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), mesmo tendo conhecimento da situação calamitosa da administração da ferrovia, se mantém omissa e não toma as atitudes que cabe a ela.

"As agências nacionais são a favor da iniciativa privada. Elas não defendem o interesse público. Temos um contrato aí que não foi cumprido em rigorosamente nada e uma agência que se recusa em fazer a intervenção, ao mesmo tempo em que a justiça diz que a competência é dela", disse Requião.

Voltar ao topo