CPI dos Grampos

Ex-diretor da AL e empresário dizem que escutas são apenas bloqueadores

Os bloqueadores de chamadas telefônicas adquiridos pela Assembleia Legislativa na gestão do ex-presidente Nelson Justus (DEM) são os mesmos equipamentos descobertos no rastreamento das salas da presidência e 1ª Secretaria da Assembleia Legislativa.

A declaração foi feita nesta quarta-feira, em depoimento à CPI dos Grampos, pelo empresário Marcos Aurélio Menestrina, proprietário da empresa Menestrina, que vendeu os equipamentos à Assembleia Legislativa.

De acordo com o depoimento do empresário, trata-se dos mesmos aparelhos identificados como sistemas de escuta ambiental pelos técnicos da empresa Embrasil, contratada pelo atual presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), no início de fevereiro. Os peritos da Embrasil haviam emitido laudo atestando que se tratava de um sistema de “grampos” .

Na CPI, o ex-diretor técnico da AL Francisco Ricardo Neto afirmou que o equipamento foi comprado por ordem do ex-chefe de gabinete de Justus Sérgio Monteiro, no ano passado  O ex-diretor contradisse declarações de Justus, afirmando que desconhecia a compra desses aparelhos. À CPI, o ex-diretor afirmou que entregou o controle remoto de funcionamento à secretária de Justus.

Os equipamentos estavam ocultos dentro de luminárias nas salas da Mesa Executiva. Menestrim explicou que eram dois sistemas dotados de bloqueador e de detector de câmeras e que as luminárias faziam parte do conjunto.

Acareação

Diante das novas informações, a CPI decidiu convidar Justus, o ex-primeiro secretário Alexandre Curi (PMDB) e Rossoni para depor. Por sugestão de um dos deputados integrantes da CPI, Fernando Scanavaca (PDT), a reunião com os deputados será a portas fechadas.

Mas Rossoni adiantou que não concorda com depoimentos em caráter reservado.  “Não há necessidade de convocação fechada. Eu só vou se for aberta”, disse o deputado tucano que espera por um laudo da Polícia Científica sobre os equipamentos, descritos inicialmente como aparelhos de escuta no laudo preliminar da Embrasil.

Rossoni comentou ainda que os equipamentos descritos nas notas fiscais que a empresa Menestrina forneceu à Assembleia não são compatíveis com aqueles descobertos em sua sala e na do 1º secretário. “Então, alguém falsificou as notas fiscais”, ironizou.