Empresário confirma denúncia contra Roncaglio

Em um depoimento de pouco mais de três horas, ontem, na Corregedoria Geral do Estado, em Curitiba, o empresário cascavelense Walmor Fanton, dono da empresa Nutrilac, confirmou que teria sido achacado pelo ex-diretor da Secretaria de Estado dos Transportes, Ivo Roncaglio.

O corregedor-geral do Estado, Luiz Carlos Delazari, afirmou que o depoimento do empresário foi coerente e consistente. Segundo Delazari, a investigação deve ser encerrada em, no máximo, dez dias. Outros personagens envolvidos na história serão ouvidos pela corregedoria.

A história da cobrança de propina começou quando a Nutrilac ganhou uma licitação para fornecer achocolatados por três meses à Fundepar, em junho de 2003. Quando enviou a primeira remessa à capital, foram feios exames laboratoriais no produto e constatou-se a falta de proteínas. Fanton foi chamado a Curitiba para resolver a situação, entretanto antes pediu ajuda para Roncaglio, seu conhecido de Cascavel . “O empresário conversou com o setor de nutrição da Fundepar e resolveu o caso. Ele aumentou de 11% para 13% a quantidade de proteínas no achocolatado”, contou Delazari, destacando que o contrato terminou em 30 de agosto, sem mais problemas.

Entretanto, em setembro, quando pensava já estar com a situação resolvida, Fanton começou a receber visitas e telefonemas de Roncaglio, que pedia uma ajuda de 5% do valor da licitação, sob a ameaça de que a Nutrilac nunca mais ganharia licitações como aquela. “Depois de várias tentativas, Fanton disse que não iria pagar nada e mandou ele não insistir”, disse o corregedor. Aí, segundo o depoimento, Roncaglio passou a procurar o filho do empresário, Marcos Antônio Fanton, que acabou cedendo. “Ele deu a Roncaglio três cheques no valor de R$ 20 mil cada. Quando descobriu isso, Fanton mandou sustar os cheques”, disse o corregedor.

Um daqueles cheques foi levado a protesto pela empresa Dallas Comunicação, de Curitiba. “Na semana passada, o secretário da Educação, Maurício Requião, ficou sabendo de história e me comunicou. Então começamos a investigar”, contou Delazari. Ele destacou que irá convocar para depor o filho de Fanton, pessoas ligadas à empresa Dallas, o irmão do sócio de Fanton e o próprio Roncaglio. “O procedimento pode render a exoneração do cargo . A investigação, posteriormente, será entregue ao Ministério Público que, se comprovada a situação, poderá denunciá-lo por corrupção, ou por concussão, ou seja, corrupção mediante algum tipo de pressão”, afirmou Delazari. Ele disse que o ponto intrigante no depoimento de Fanton é o fato de ele ter sido achacado e pago a propina somente depois do fim do contrato.

Contradição

Conforme Roncaglio, que já pediu afastamento do cargo até o final das investigações, quem o procurou foi Fanton. “Ele já deu entrevistas na TV e se contradisse. As datas dos cheques apresentados não batem”, afirmou, destacando que vai ingressar na Justiça contra o empresário cascavelense.

Rossoni pede investigações do MP

O deputado Valdir Rossoni (PSDB) pediu opntem a intervenção do Ministério Público para apurar as novas denúncias de irregularidades contra integrantes do governo estadual. Rossoni lembrou os desvios de soja ocorridos no Porto de Paranaguá e as acusações de envolvimento de lideranças do governo do Estado com os bingos.

Os casos que acabaram motivando o pedido foram as declarações do empresário cascavelense Walmor Fanton, que afirma ter sido obrigado a pagar propina de R$ 60 mil ao presidente do PMDB local e diretor da Secretaria dos Transportes, Ivo Roncaglio, para que pudesse receber um pagamento de R$ 700 mil por fornecimento de merenda escolar e a denúncia da Superintendência de Recursos Hídricos e Saneamento.

Rossoni defendeu a abertuda urgente de investigações sobre o assunto. “São denúncias que precisam ser apuradas urgentemente. São denúncias que precisam da participação imediata do MP, assim como o Ministério Público deve acompanhar a apuração de todos os demais casos de corrupção denunciados no governo estadual”, comentou.

O deputado afirmou que o MP está aparelhado para garantir que as denúncias não fiquem sem apuração. “Dizer que a Ouvidoria está encarregada pelas investigações não é a atitude mais correta e nem garante maior isenção. É preciso dar transparência às investigações, algo que somente o MP pode fazer”, acrescentou o deputado.

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