Em Curitiba, Freire faz críticas a Lula e Requião

O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire, não poupou críticas ao governo do PT ontem, durante sua passagem por Curitiba, onde veio trazer apoio ao candidato do partido à Prefeitura, Rubens Bueno, e a vice-prefeito, Augusto Canto Neto.

Justificou que quando o PPS ingressou na base de apoio de Lula, esperava políticas sociais consistentes e mudanças efetivas na política econômica: “Hoje vemos que apenas piorou o que existia e o círculo vicioso perverso não foi rompido”. A posição crítica, porém, não sinaliza para um rompimento formal, ao menos por enquanto.

Sobre a retomada do diálogo com o PDT, partido de oposição ao governo federal, previu que vai se intensificar. Mas evitou examinar a hipótese de fusão por entender que atrapalha a conversa que se desenvolve em bons termos visando, inclusive, o segundo turno destas eleições. “Essa reaproximação motiva e entusiasma os filiados. Há quem pergunte se não cria constrangimento por se tratar de um partido da base de apoio e outro de oposição ao governo. Temos muitas afinidades e elas são históricas. O socialismo e o trabalhismo estiveram juntos nas lutas mais importantes do país nos últimos 70 anos. Constrangedor é buscar aproximação com Antonio Carlos Magalhães (PFL), com Paulo Maluf (PP), com os banqueiros”, alfinetou. Sobraram farpas também para o governador Roberto Requião (PMDB), por ter declarado em comícío que seu candidato Angelo Vanhoni (PT) soma com o governo estadual, enquanto os demais dividem: “A afirmação é própria de Requião, e não de um governador que assume com responsabilidade suas funções. Mas estou certo de que o eleitorado não vai se submeter a uma chantagem barata como essa”.

Documentado

Freire lembrou que a posição do partido está exposta em documento resultante de debates internos que ele tenta entregar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva há mais de um mês, sem êxito: “Esse documento é bastante crítico ao governo federal, ao continuismo, à impossibilidade de baixar as taxas de juros, às benesses ao sistema financeiro nacional e internacional.” Nunca o sistema bancário teve lucros tão fabulosos em toda a história do país, enquanto o trabalhador vê sua renda diminuir cada vez mais. Além disso, há as denúncias de compra de partidos no atacado e no varejo que precisam ser esclarecidas. Nem mesmo a política compensatória de contrapartida social está sendo bem conduzida. O documento só não foi entregue a Lula porque ele não marcou a audiência”.

Deputado nega Rompimento

Mesmo com estas posições, Roberto Freire não quis admitir uma tendência partidária à ruptura com o governo: “O que há é uma grande insatisfação em relação às políticas governamentais”, minimizou, admitindo, porém, que se o PPS concluir que deve se afastar da base de apoio, entregará os cargos de que dispõe atualmente.

Não se furtou de fazer autocrítica, reconhecendo que os setores da esquerda no Brasil “não entendem que a posição arrogante de donos da verdade não nos ajudou em nada, apenas destacou os laivos autoritários. O PPS vem buscando a modernização, é uma esquerda com história e coerência. Se criticava a política neo-liberal de Fernando Henrique Cardoso, continua a critica-la quando ela é aplicada pelo PT”.

Afastou qualquer cogitação sobre apoio no segundo turno das eleições em Curitiba. “Nós vamos estar no segundo turno” e alertou contra a supervalorização das pesquisas eleitorais: “Não brigo com institutos de pesquisa, mas não aceito irrestritamente seus resultados. O recurso da margem de erro permite manipulações. Devemos analisa-las sabendo que podem apresentar vícios, mesmo que não de má fé”.

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