Crise? Que crise?

Eduardo Campos nega crise, mas cobra mais diálogo de Dilma

Em Curitiba, onde participou da inauguração de uma creche que homenageia seu avô Miguel Arraes e de um encontro de seu partido, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, disse não ver crise nos ministérios do governo Dilma Rousseff (PT). Segundo ele, o que está ocorrendo é uma mudança de mentalidade nos governos e na sociedade, que não estão mais tolerando a corrupção.

“O que se chama crise, eu não vejo crise. Nós construímos a democracia, os órgãos de controle, a imprensa livre neste país exatamente para que se pudesse extirpar da vida pública práticas ilícitas, que afrontam as questões éticas, que usurpam o dinheiro público. Isso está sendo visto mais hoje porque está sendo mais combatido pela sociedade, pelos órgãos de controle e pelos governos”, disse. “Nem governo nem oposição têm o monopólio da ética. Para enfrentar esse momento, o governo tem apenas que abrir maior diálogo com o congresso, com a base política, com os governadores”, emendou.

Apesar da cobrança de mais diálogo, Campos disse entender o momento mais “introspectivo” do início de mandato de Dilma. “Temos clareza que esse primeiro tempo foi um tempo para dentro, necessário para qualquer gestão, para afinar equipe e definir os principais projetos”, disse. “Agora, chegou a hora de a presidente dialogar com os prefeitos, os governadores e sua base no Congresso. Tomar conhecimento de suas pautas. Acho que a tendência é que haja um tempo mais de política até dezembro, que vai lubrificar esse diálogo. Ela mesma está interessada em fazer pessoalmente isso, foi o que deixou claro numa belíssima conversa tivemos ontem”.

Na reunião de ontem, Campos disse que levantou para Dilma as dificuldades dos Estados. “Estamos vivendo um momento de muita incerteza fiscal, com a revisão do Fundo de Participação dos Estados, a queda de 15 leis de incentivos fiscais, a pauta dos royalties, da emenda 29 (gastos com saúde), da PEC 300 (salário dos policiais). Tudo isso no momento de prepararmos nosso plano plurianual. Se as receitas estão com tantas interrogações, como vamos planejar nosso orçamento?”, questionou.

Segundo o governador pernambucano Dilma saiu da reunião com algumas soluções para alargar a capacidade de investimento dos estados e municípios, como novas modalidades de financiamento e a redução da taxa de juros da dívida cobrada dos entes federados, “hoje seis ou sete pontos acima da Selic”. “Ficou claro que a União precisa se aproximar dos estados e municípios, e não é só a parceria do PAC, os estados têm seus projetos”, concluiu.