Diretor de pessoal da Assembleia deixa o cargo

O diretor de pessoal da Assembleia Legislativa Claudio Marques da Silva pediu afastamento ontem. A saída de mais um diretor – outros dois já deixaram os cargos, o ex-diretor geral Abib Miguel e o ex-diretor administrativo José Ari Nassif – foi recomendada pelo Ministério Público Estadual (MPE), que considerou suspeita a posição de Marques da Silva ao se recusar a prestar informações aos seis promotores que investigam as denúncias de irregularidades na Assembleia Legislativa, apresentadas em uma série de reportagens do Jornal Gazeta do Povo e RPC TV.

Ontem à tarde, o procurador de Justiça Arion Rolim Pereira, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção ao Patrimônio Público, explicou que já foram abertos sete novos procedimentos investigativos a partir das denúncias publicadas nos meios de comunicação, que vão se somar a outros duzentos que já existiam anteriormente e que diziam respeito a improbidade administrativa e danos ao erário público. Em cinquenta investigações, houve o pedido de quebra de sigilo fiscal e bancário dos envolvidos, informou o procurador.

Rolim Pereira explicou que, por enquanto, os promotores, apoiados por três outros servidores do MPE e os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), estão em busca de provas das denúncias.

Ele revelou que as investigações se estendem a outras instituições e poderão requerer também à participação de promotores de outros estados. Embora não tenha revelado quais são os órgãos, o procurador explicou que os promotores vão em busca de registros que tenham conexão com as irregularidades denunciadas, como a aquisição de bens.

Responsabilidades

O coordenador do Centro de Apoio Operacional não forneceu detalhes das investigações, justificando que o trabalho poderia ser prejudicado se oferecesse mais dados. Nas investigações sobre as denúncias recentes, o Ministério Público está buscando identificar os beneficiados pelos supostos desvio de recursos do Legislativo.

“Nós queremos saber quem deu causa aos fatos. E ninguém está livre de ser chamado a colaborar se a providência parecer necessária”, afirmou Rolim Pereira, quando questionado se os atuais integrantes da Mesa Executiva da Assembleia Legislativa poderiam ser responsabilizados pelos delitos que foram comprovados.

O procurador disse que, até agora, a Assembleia tem colaborado com os trabalhos do Ministério Público Estadual. Mas ele não descartou a possibilidade de o MPE remeter nova recomendação ao Legislativo para que altere a forma de recadastramento dos servidores.

No formulário distribuído pela Casa, os funcionários não precisam identificar diretamente onde estão lotados. Podem mencionar apenas o número do gabinete do deputado.

Estudantes protestam contra os atos secretos

Joyce Carvalho

Movimentos sociais paranaenses deram continuidade às manifestações contra os atos secretos na Assembleia Legislativa. Eles apoiaram a classe estudantil, que realizou ontem a primeira passeata para protestar contra as irregularidades e pedir uma investigação imparcial para apontar os envolvidos e a devolução dos recursos mal empregados.

Cerca de cem estudantes e integrantes dos movimentos sociais saíram ontem pela manhã da Praça Santos Andrade e andaram até a Assembleia, no Centro Cívico. Os participantes carregaram faixas e apitos para chamar a atenção da população.

“Queremos que a sociedade se junte a nós para lutar contra estes abusos”, disse Roni Barbosa, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Paraná. A mobilização de manifestaç&,otilde;es começou na semana passada, com um ato em frente a Assembleia Legislativa.

Segundo Marisa Stedile, secretária-geral da CUT no Estado, os movimentos sociais exigem auditoria de um órgão externo na Assembleia Legislativa e a investigação imparcial.

“Tanto o Tribunal de Contas do Estado quanto os próprios deputados não possuem a isenção necessária para isto”, critica. Estudantes de colégios e universidades de Curitiba engrossaram a passeata e pediram a seriedade nas investigações.

Durante o ato, eles convocaram o apoio da sociedade para que o tema não seja esquecido. “Vamos fazer mais atos e manifestações nas próximas semanas”, afirma Adriano de Matos, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) no Paraná.