REFORÇO DE CAIXA

Dilma pressionada a não cortar Fundo Partidário

Preocupados com os estragos que os cortes no orçamento dos ministérios e nas emendas parlamentares produzirão no Congresso, os ministros da Casa Civil, Antonio Palocci, e da Secretaria de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, ambos petistas, tentaram convencer a presidente Dilma Rousseff e a área econômica de que “era importante” que o acréscimo acertado de R$ 100 milhões do Fundo Partidário fosse mantido.

Os ministros explicaram a Dilma que a manutenção do aumento do fundo foi fruto de acordo com partidos da base e da oposição, que estavam enfrentando graves problemas de verbas por causa dos gastos com as eleições. Dilma estava sensível ao apelo, afinal, eram R$ 100 milhões de aumento de recursos que atenderia a todos e reduziria, um pouco, o impacto dos demais cortes, além de assegurar o cumprimento de acordo entre governo e oposição.

A aprovação do aporte extra de R$ 100 milhões em recursos públicos foi feita para subsidiar as legendas – e, em alguns casos, para “estatizar” dívidas da campanha de 2010. O reforço de R$ 100 milhões foi aprovado a nove dias do fim do ano e funcionou como uma Mega Sena da Virada para todos os partidos. Agora, os endividados poderão quitar suas contas com o dinheiro do contribuinte. E os que perderiam verba ficarão até mais ricos, apesar do desempenho eleitoral inferior em 2010

“Houve uma construção de um acordo sobre isso com todos os partidos. É melhor manter”, avisaram os ministros a presidente, na reunião na noite de ontem no Planalto, que terminou perto da meia-noite, depois de ouvirem a área econômica recomendar à presidente Dilma o corte dos R$ 100 milhões. O líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP) participou de parte da reunião. Os ministros lembraram à presidente que, em um momento que o governo está tentando aprovar um salário mínimo de R$ 545, enquanto os parlamentares querem mais, aliado ao fato de que serão necessários cortes de R$ 50 bilhões, incluindo R$ 18 bilhões de emendas dos congressistas, a avaliação é de que é melhor evitar abrir outro flanco de batalha e descontentamento, ainda mais em um tema que foi fruto de acordo com todos os partidos.

A injeção extra de recursos públicos no Fundo Partidário é recorde. Em 2011, subirá 65% em relação a 2010. Líderes de partidos admitem que o salto está diretamente ligado às dívidas da corrida eleitoral do ano passado.