Contrato da Copel põe Requião em alerta

O senador Roberto Requião, governador eleito do Paraná, mandou ontem um ofício ao presidente da Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica, José Mário de Miranda Abdo, pedindo a imediata suspensão do contrato de compra e venda de energia firmado entre a Copel e a Usina Termelétrica Araucária.

Segundo o senador, “os elevados custos da energia gerada pela Usina Termelétrica Araucária impõe ao novo governo a responsabilidade de avaliar em profundidade a conveniência do negócio”.

O governador eleito solicita ao presidente da Aneel que a suspensão do contrato perdure até nova manifestação da diretoria da Copel que ele vai dar posse a partir do dia 1.º de janeiro do ano que vem. Requião diz que o seu pedido é feito em “defesa do interesse público”. Ele considera desaconselhável a homologação do contrato neste momento, diante “das evidências de que o montante de energia contratada pela Copel atende às projeções de mercado”. Isso, mais os elevados custos da energia gerada pela Termelétrica Araucária, impõe ao novo governo “a necessidade de rever o planejamento de oferta e demanda da Copel, tendo em vista as prováveis mudanças do modelo do setor elétrico nacional e as alterações que incidirão sobre os contratos iniciais”. Projeto de Lei nesse sentido foi aprovado no Congresso e espera sanção presidencial.

Por fim, Requião lembra ao presidente da Aneel declaração feita esta semana pelo presidente da Bolívia, Gonzalo Sanchez, anunciando a provável redução do preço do gás natural vendido no Brasil, entre 20 a 30%, o que, segundo o governador eleito, “reforça a inoportunidade do negócio à espera da homologação dessa agência”.

Mudanças estruturais

Também ontem, o novo governador mandou ofício ao presidente da Copel, Ingo Hübert, pedindo a imediata suspensão de todas negociações de compra e venda de energia elétrica ou gás natural, “seja por meio de transações bilaterais, leilões, ofertas públicas e outras modalidades”. Segundo Requião, negociações de compra e venda de energia são desaconselháveis neste momento, já que a energia contratada pela Copel atende as projeções do mercado.

O governador eleito reafirma ainda que haverá mudanças no modelo do setor elétrico nacional, e que isso torna inconvenientes e precipitadas negociações de compra e venda de energia. Ele lembra também ao presidente da Copel, a possibilidade de acentuada queda no preço do gás boliviano.

Durante o almoço que tinha o objetivo de homenagear os que participaram do movimento contra a venda da Copel, o governador eleito anunciou que vai reagrupar a empresa, hoje dividida em diversas fatias, reduzindo o número de diretores de 24 atuais para apenas seis.

Requião disse ainda que entre os tantos problemas que a empresa vai ter que enfrentar está o da sua associação com a norte-americana El Paso, na Termelétrica Araucária. Junto com a Petrobrás, a Copel detém 40% do capital da empresa, os 60% restantes são da El Paso. No entanto, em um empreendimento de US$ 380 milhões, os norte-americanos investiram apenas US$ 80 milhões, e tomaram emprestados US$ 150 milhões da própria Copel, para investir na Usina. Naquela época, o dólar estava a par do real.

Hoje, segundo Requião, o preço da energia gerada pela termelétrica está avaliado em cerca de US$ 40.00 o megawatt/hora (cerca de R$ 150,00), sendo que a empresa quer um reajuste para US$ 68.00 o mgw/h, um custo proibitivo para o mercado paranaense ou brasileiro. Uma das soluções para o problema, segundo Requião, seria a Copel comprar a participação da El Paso.

Strapasson no secretariado

O deputado estadual Ademir Bier que não conseguiu se reeleger e ficou na primeira suplência do PMDB vai ganhar uma cadeira na Assembléia Legislativa na próxima legislatura. Ele vai entrar no lugar do deputado estadual Edson Strapasson, anunciado ontem pelo governador eleito, Roberto Requião (PMDB), como o futuro titular da Secretaria Especial da Região Metropolitana, que será criada a partir do próximo ano. Hoje, poderá ser anunciado o futuro secretário dos Transportes. O Estado apurou que o convite foi feito ontem ao deputado estadual Waldyr Pugliesi. Ele foi indicado na semana passada para ocupar a Secretaria de Obras, mas se aceitar, será remanejado para a área de Transportes.

Durante almoço em homenagem ao deputado estadual Caíto Quintana (PMDB) e ao futuro presidente da Copel, ex-governador Paulo Pimentel, o governador eleito anunciou ainda o engenheiro eletricista Ivo Pugnaloni como um dos seis diretores da Copel. A empresa está sendo reestruturada pela equipe de transição, que irá extinguir dezoito diretorias.

Requião também indicou o professor da Pontifícia Universidade Católica, João Benjamin dos Santos, como diretor geral da Secretaria de Comunicação. O titular da pasta é o publicitário Airton Pisseti, que atuou na equipe de marketing da campanha de Requião.

O próximo

O governador eleito deve chamar ainda pelo menos mais um deputado peemedebista, desta vez, da Câmara Federal. O primeiro suplente de deputado federal é o ex-presidente do Banestado, Reinhold Stephanes. Filiado ao PMDB desde que rompeu com o governador Jaime Lerner (PFL), depois da privatização do Banestado, Stephanes já foi citado como um dos nomes que Requião chamaria para a Secretaria de Administração e Previdência. Entretanto, há vetos à sua indicação.

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