Polícia Federal cobra do ministro da Defesa dados de tragédia da Gol

Impaciente com a demora no recebimento de informações da Aeronáutica, consideradas fundamentais para as investigações do choque entre o jato Legacy e o Boeing da Gol, o delegado da Polícia Federal Renato Sayão foi ontem ao Ministério da Defesa pedir ao ministro Waldir Pires que centralize o recebimento dos dados e os repasse à PF. Sayão quer ter as informações, "se possível, ainda esta semana".

Pires disse ter encaminhado o pedido de Sayão à consultoria jurídica do ministério, para saber o que pode ser repassado à PF sem que ocorra conflito de investigações. O ministro ficou de responder a Sayão ainda hoje.

Em entrevista à TV Globo, o delegado disse que optou por tomar o depoimento dos pilotos do Legacy, os americanos Joe Lepore e Jan Paul Paladino, só depois de analisar os dados técnicos da Aeronáutica. "Continua sendo imprescindível a permanência deles no Brasil até que tenha esses dados da Aeronáutica, para que possa ouvi-los com maior propriedade, maior profundidade", disse Sayão. "Até para definir a situação jurídica deles, se vão ser testemunhas, se vão ser indiciados.

Sayão considera um dado técnico fundamental para a instrução do inquérito a identificação de todos os servidores da Aeronáutica – civis e militares – que atuaram no controle do tráfego no dia do acidente. Ele quer saber os nomes de todos os controladores que monitoraram o Boeing e o Legacy, do momento em que o jato saiu de São José dos Campos até a hora do acidente, e também de seus supervisores. "Não me deram nada. Nem a relação dos operadores de vôos, quantos são e quem são eles. Não sei nada, não me falaram nada", desabafou.

Sayão quer, também, todas as gravações de voz e dados disponíveis já decodificados dos centros de controle. Segundo ele, é importante recuperar todas as conversas que ficaram gravadas e ocorreram na sala de controle em Brasília, em São José e em Manaus, entre os próprios controladores e entre pilotos e controladores.

Sayão quer acesso às imagens das telas dos radares, que mostram a trajetória dos aviões. E pediu à Aeronáutica que faça uma perícia no transponder do Legacy, para saber se ele foi desligado ou o motivo que o deixou inoperante.

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