Pobreza e desigualdade contribuem para exploração sexual de menores

Do total de municípios com exploração sexual de menores, 445 são cidades pequenas, com população entre 20 mil e 100 mil habitantes, o que revela a proliferação da prostituição infanto-juvenil nos grotões do País. Os números constam do primeiro levantamento nacional sobre exploração sexual comercial infanto-juvenil, divulgado hoje (26) pelo ministro Nilmário Miranda, secretário especial de Direitos Humanos. A pobreza, associada à desigualdade social e à capacidade de aliciamento das redes criminosas, está por trás do problema, segundo a professora Maria Lúcia Leal, consultora do Unicef e coordenadora da Pesquisa.

Os dados revelam que o problema é generalizado, o que, para a pesquisadora, comprova a falta de coordenação das políticas públicas adotadas pelo governo. "A pesquisa é uma grande amostragem e o número real pode ser ainda maior", disse. A iniciação na prostituição começa aos 10 anos de idade e vai até os 15. Já as redes que exploram o turismo sexual, sobretudo nas cidades litorâneas, preferem meninas a partir dos 15 anos. "Essas crianças exploradas são fruto da pobreza e da injustiça social. Portanto, não bastam políticas assistenciais, mas ações estruturais", completou.

O levantamento foi produzido a partir do cruzamento de dados de quatro fontes: a pesquisa sobre tráfico de mulheres feita pelo Ministério da Justiça em 2002; estudo sobre prostituição às margens das rodovias, produzido pela Polícia Rodoviária Federal; dados da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da exploração sexual de crianças e adolescentes e registro de casos do Disque Denúncia, criado pelo governo em 2003.

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