Plantio de transgênicos aumentou 88% no Brasil

O Brasil ocupa a terceira posição no ranking das nações que têm as maiores áreas cultivadas com produtos transgênicos, atrás dos Estados Unidos e Argentina, mas tem potencial para liderar o grupo de países que usam a tecnologia. A opinião é de Clive James, presidente da ISAAA, sigla em inglês para Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia.

Em entrevista concedida por teleconferência na quinta-feira à tarde, James informou que o plantio de transgênicos no Brasil aumentou 88%, para 9,4 milhões de hectares em 2005, na comparação com 2004. A taxa é muito maior que a do crescimento da área mundial, que foi de 11% em 2005, para 90 milhões de hectares. O levantamento da ISAAA refere-se apenas à soja, único produto geneticamente modificado cujo plantio foi autorizado pelo governo.

James considera que o plantio de transgênicos tem mais potencial para crescer nos países em desenvolvimento que nos desenvolvidos. ?Verificamos que 90% dos produtores que se beneficiam dos produtos geneticamente modificados estão nos países pobres. No Brasil, a adesão ao plantio de transgênicos tem sido cada vez maior e continuará assim?, afirma. ?Nos próximos dez anos, o País vai contribuir para a melhor aceitação dessa tecnologia?, acredita.

Levantamento da ISAAA mostra que, em termos mundiais, há espaço para o crescimento do plantio de transgênicos em várias culturas, principalmente milho, algodão e canola. Dos 147 milhões de hectares plantados com milho no mundo, apenas 14% são dedicados a variedades transgênicas. No algodão, 28% dos 35 milhões de hectares são geneticamente modificados e, na canola, o índice chega a 18% de 26 milhões de hectares. Na soja, o índice de transgênicos chega a 60% da área mundial, de 91 milhões de hectares.

Entraves

No Brasil, o aumento da área plantada com produtos transgênicos enfrenta entraves como a falta aprovação de novas sementes para o cultivo. Ivo Carrara, produtor paranaense presidente da Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec), que também participou da teleconferência, comenta que no caso do algodão, por exemplo, há apenas uma variedade registrada no Ministério da Agricultura. ?É prematuro dizer de quanto será a área plantada, vai depender da disponibilidade de sementes?, afirmou.

Segundo Carrara, a situação é crítica e remete ao que aconteceu com a soja, quando produtores trouxeram sementes ilegais da Argentina e iniciaram o plantio. ?Produtores de Mato Grosso e Bahia têm trazido sementes RR e Bt da Austrália, Estados Unidos, e as multiplicam aqui?, afirmou. O mesmo tem acontecido com o milho. De acordo com o representante da ISAAA para o Brasil, Anderson Galvão Gomes, o plantio de transgênicos no País ainda se concentra na região Sul, mas está se expandindo rapidamente para outras regiões.

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