PF indiciará Valério, Genoino, Delúbio, Duda Mendonça e Pizzolato

A lista dos indiciados pela Polícia Federal (PF) no inquérito do "mensalão", que investigou a suposta mesada paga a parlamentares e partidos aliados do governo, será encabeçada por cinco personagens centrais do episódio. São eles o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, o ex-presidente nacional do PT José Genoino, o ex-secretário de Finanças e Planejamento Delúbio Soares, o publicitário Duda Mendonça e o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil (BB) Henrique Pizzolato. A informação foi divulgada por membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, que ouviram hoje o depoimento espontâneo do diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, e conversaram, reservadamente, com o delegado encarregado da investigação, Luiz Flávio Zampronha. Até agora com mais de 60 volumes, a apuração consolidou provas de crime contra pelo menos 30 acusados. Os cinco são chamados de "cavaleiros do apocalipse" na CPI. A PF, conforme os dados passados à comissão, tem elementos para indiciá-los por lavagem de dinheiro, sonegação de impostos, crimes financeiros e formação de quadrilha.

A polícia informou à CPI que fecha as últimas perícias do inquérito para enviá-lo ao Supremo Tribunal Federal (STF) ainda na primeira quinzena de fevereiro, com os pedidos de indiciamento. Na ocasião, será renovada a solicitação de prisão de Valério, Delúbio e Duda Mendonça, rejeitada duas vezes pelo STF, após ouvir o parecer do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza. Só não foi pedida ainda a prisão de Genoino, envolvido no episódio por omissão, e de Pizzolato.

O relatório parcial da CPI, divulgado há um mês, revela que o esquema montado por Valério movimentou R$ 2,6 bilhões entre janeiro de 1997 a agosto de 2005. Os maiores depositantes nas contas do empresário foram Banco do Brasil (R$ 338 milhões), Telemig (R$ 122,3 milhões), Visanet (R$ 92,1 milhões), Secretaria da Fazenda do Distrito Federal (R$ 64,1 milhões) e Centrais Elétricas do Norte do Brasil (R$ 41,3 milhões).

O ex-presidente nacional do PT, o ex-secretário de Finanças e Planejamento do PT, Valério e o publicitário são acusados de terem feito remessas ilegais de dinheiro ao exterior para movimentação do caixa dois do partido. Duda Mendonça confessou à CPI ter recebido, com depósitos de caixa dois na conta Dusseldorf, aberta no paraíso fiscal das Bahamas, R$ 10,5 milhões referentes à campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A PF obteve no início deste mês a confirmação da existência de uma segunda conta no exterior em nome do publicitário.

A notícia foi transmitida, oficialmente, pelo Ministério Público (MP) dos EUA a Fernando de Souza, que pediu à PF para convocar Duda Mendonça a prestar um novo depoimento, tão logo cheguem dados mais detalhados sobre a conta e os abastecedores. A PF também espera concluir esta semana a perícia complementar realizada nos extratos e contratos da operadora de cartões de crédito Visanet, a fim de fechar o rol de provas contra o ex-diretor de Marketing do BB, o quinto cavaleiro do apocalipse.

Pizzolato, conforme apurou a CPI, teria recebido cerca de R$ 300 mil das contas de Valério. O diretor-financeiro da agência de publicidade Lowe, Paulo Roberto dos Santos, que prestou serviços ao BB, informou à comissão que Pizzolato, em abril de 2003, centralizou a conta do Ourocard, administrado pela Visanet, na agência de publicidade DNA Propaganda, de Valério.

O indiciamento é um ato formal que muda o suspeito da condição de "investigado" para a de "acusado". Mas se o procurador-geral da República não oferecer denúncia contra os indiciados, a acusação será arquivada. O STF assumiu o inquérito porque há parlamentares entre os investigados e estes têm direito a foro privilegiado.

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