Bomba está armada!

Urbs e Comec confirmam que tarifa final será reajustada já em 2015

Não será surpresa se a partir do próximo mês os usuários da Rede Integrada de Transporte (RIT) passarem a desembolsar até mais de R$ 3 por passagem de ônibus – contra os R$ 2,85 em vigor desde 11 de novembro. Gestores do sistema, Urbanização de Curitiba S/A (Urbs) e Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) já confirmaram que a partir de 2015 a tarifa final será reajustada anualmente no dia 26 de fevereiro, influenciada pelo reajuste da folha de pagamento de motoristas, cobradores e parte administrativa (que hoje representa 48,1% da tarifa), variação do óleo diesel e outros insumos. O que pode aliviar um pouco a conta para quem anda de ônibus é a promessa de tarifa diferenciada para quem usa cartão-transporte a partir de março.

As negociações para a data-base dos trabalhadores do sistema – que é 1º de fevereiro – estão prestes a iniciar, mas o Sindiurbano-PR, entidade que representa os funcionários da Urbs, já estima que a tarifa técnica passe de R$ 3,18 para R$ 3,40. “Mantendo o mesmo percentual de subsídio que governo do Estado e prefeitura repassam hoje para o transporte coletivo, a tarifa ao usuário chegaria a R$ 3,20”, projeta o presidente da entidade, Valdir Mestriner. Porém ele acredita que os empresários encaminhem um pedido de reajuste superior a R$ 3,40, em função das alegações de dificuldades de caixa, que resultaram em atrasos nos pagamentos aos trabalhadores. Outro fator que vai influenciar na negociação é a renovação do subsídio, que permanece indefinida, embora Urbs e Comec digam ter interesse na continuidade.

Na próxima sexta-feira (16), o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) fará assembleias na Praça Rui Barbosa, às 9h e 15h, para definir a pauta de reivindicações. O presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira, não quis antecipar a pedida da categoria, mas cita que a defasagem salarial acumulada, em relação à inflação, é de 16%. O Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) informou ainda não ter uma estimativa atualizada dos custos da planilha, pois aguarda a discussão salarial. Nos últimos dois anos, motoristas e cobradores tiveram aumentos, respectivamente, de 10,5% e 9,28%.

Tudo pago

Ontem, apesar da promessa de não deflagrar greve geral, o Sindimoc paralisou o transporte coletivo na região central da capital das 10h às 14h30, complicando a vida de muitos usuários. Vários ônibus foram enfileirados no Centro Cívico, praças e ruas do Centro, em protesto contra a indefinição do subsídio estadual. “O objetivo de chamar a atenção foi atingido, agora esperamos sensibilidade do governador para tentar buscar resolver os problemas do transporte coletivo. Não podemos viver essa insegurança mês a mês, se será pago o subsídio”, resumiu Teixeira.

A mobilização foi encerrada depois que as empresas Sorriso, Redentor, Marechal, São José dos Pinhais, CCD, Tamandaré e Glória pagaram os salários atrasados de mais de 4 mil trabalhadores afetados. A injeção de R$ 3,8 milhões do Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC) evitou uma greve geral do sistema hoje. Mas o Sindimoc não descarta novas paralisações, principalmente contra o governo do Estado. A Urbs promete autuar as empresas por desrespeito ao regulamento que proíbe, por exemplo, desvios de rota não autorizados e parada de ônibus fora dos pontos e do trajeto autorizado.

“Está sendo criado um grande problema para a cidade e o prefeito não desarma a bomba que está na mão dele desde o ano passado, quan,do duas comissões indicaram irregularidades na licitação e nos contratos e deram condições para ele tomar medidas que pudessem sanear a planilha, mas ele não tomou as iniciativas necessárias para trazer o custo do transporte à realidade e estabelecer novos padrões de pagamento tanto para os empresários quanto para que o usuário pague uma tarifa justa. Se não, ela sobe muito além do rendimento do trabalhador”, avalia Mestriner.