De braços cruzados

Servidores da Sanepar fazem paralisação por tempo indeterminado

A partir desta terça-feira (17), funcionários da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) fazem uma paralisação por tempo indeterminado e só voltam a trabalhar se houver acordo com a empresa em uma audiência programada para o fim da semana. Os trabalhadores buscam melhorias salariais e negociam essas condições com a empresa, que desde março oferece um aumento de 11,8%.

Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Saneamento (Saemac), o reajuste oferecido pode até ser bom para os trabalhadores, desde que seja distribuído de forma linear, ou seja, dividido entre todas as classes salariais. “O que eles oferecem é que o aumento seja dado apenas para os funcionários que recebem mais de R$ 8 mil. Os outros mais de 3 mil funcionários, que têm salários que começam em torno de R$ 1.500, não seriam beneficiados”, explicou José Pires.

Conforme explicou o Saemac, a divisão do valor seria feita de forma semelhante a todos os funcionários, que receberiam aproximadamente R$ 600 a mais no salário. Até agora, já foram feitas duas reuniões, mas todas sem acordo.

Nesta segunda-feira (16), em uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), a Sanepar chegou a ser questionada, mas não houve acordo. Para garantir que a população não seja afetada, os trabalhadores acataram a orientação do TRT-PR de que 40% continuem atuando enquanto se manter a greve.

A paralisação dos funcionários deve acontecer por tempo indeterminado, pelo menos até a nova audiência, marcada para a próxima sexta-feira (20). “Esperamos um acordo. A diretoria da Sanepar precisa lembrar de quem levou a empresa a ser o que é hoje. Devemos valorizar a todos, não só uma pequena parte”, disse o vice-presidente do Saemac.

Ainda conforme explicou José Pires, a proposta do Saemac para a distribuição do aumento já oferecido pela Sanepar de forma linear não afetaria o orçamento da empresa. “A Sanepar tem um lucro de 67%. Junto disso, já foi oferecido esse aumento, nós só queremos que seja dado a todos”.

Entre os serviços da empresa que continuam sendo feitos estão o abastecimento e o tratamento do esgoto. Já a leitura dos registros, por exemplo, foi afetada, já que a maioria dos funcionários que aderiram à greve são leituristas. Os funcionários esperam que a Sanepar faça alguma proposta antes da audiência marcada e, caso isso aconteça, podem até avaliar voltar às atividades. “Mas não temos prazo para continuarmos parados. Depende só da Sanepar”, alertou o vice-presidente.

Sindicatos aceitaram

A Sanepar, em nota, informou que seis sindicatos já aceitaram a proposta da empresa e assinaram o acordo coletivo. Os empregados representados por estes seis sindicatos vão receber os créditos relativos a março e abril em folha suplementar, a ser paga no dia 23 de maio. 

Outros três sindicatos fazem assembleia nesta terça-feira (17) e devem aceitar a proposta. A Sanepar reitera que confia numa solução negociada com todos os sindicatos e respeita o direito à manifestação, desde que mantidos os serviços essenciais.